Lisboa, 27 mai (Lusa) - O cabeça de lista do PSD por Fora da Europa defendeu, em entrevista à Lusa, o alargamento da rede de ensino do português nos países do resto do mundo, admitindo para isso reduzir recursos do apoio na Europa.
É preciso "eliminar as diferenças de tratamento que existem entre as comunidades da Europa e de Fora da Europa. Vamos ter provavelmente que reduzir, racionalizar alguns recursos na Europa para poder atender aos de fora da Europa", disse José Cesário.
O também deputado pelo círculo Fora da Europa fez uma avaliação negativa da transferência da tutela do ensino do português do Ministério da Educação para o dos Negócios Estrangeiros, considerando que não foram acautelados os fundos financeiros para sustentar essa mudança.
"O Ministério dos Negócios Estrangeiros perdeu imensos recursos financeiros em relação àqueles que existiam quando estas competências estavam na tutela do Ministério da Educação. Acho que vamos ter um problema a prazo e vamos ter que racionalizar muito mais a despesa", disse.
José Cesário defendeu ainda uma aposta maior na formação de professores através do acompanhamento das experiências que já existem nas próprias comunidades.
O candidato social-democrata alertou ainda para as consequências do aumento dos fluxos migratórios para o estrangeiro no equilíbrio social das comunidades portuguesas, lembrando que há problemas de inserção social, acompanhamento de crianças em idade escolar e mesmo pobreza.
"Há muito que o Estado deixou de ter uma rede de apoio social própria e não vou cair na demagogia de dizer que vamos restaurá-la toda. Temos que usar os poucos meios de que ela ainda dispõe, mas sobretudo vamos ter que articular ações com o movimento associativo", disse.
José Cesário considera que existem em alguns consulados funcionários que podem ser adaptados às funções de apoio social, rejeitando a ideia de que a generalidade dos postos consulares esteja a funcionar no limite das capacidades.
"O consulado de Paris tem muitos funcionários, o do Rio de Janeiro tem muito poucos, São Paulo precisa de mais e Londres tem lacunas gravíssimas", disse, admitindo a possibilidade de "reafetar" funcionários de um posto a outro.
"Mas o que está fundamentalmente em causa é a articulação dos responsáveis consulares com as associações ou com os conselheiros das comunidades", sublinhou.
O antigo titular da pasta da Emigração do PSD defendeu em matéria económica "uma maior aproximação" às empresas e as associações empresariais das comunidades portuguesas para captar investimento estrangeiro para Portugal, "facilitar" investimentos portugueses no estrangeiro e aumentar as exportações.
Sobre a representação da emigração na estrutura de um futuro Governo social-democrata, que o líder do PSD já disse que será "reduzido", José Cesário garantiu que as comunidades serão "uma das principais prioridades" da política externa.
"Haverá um membro do Governo que manterá a tutela das comunidades portuguesas. Se terá outras aéreas ou não, não tenho condições para dizer", concluiu.
CFF.
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