isboa, 20 mai (Lusa) -- A cabeça de lista do Bloco de Esquerda pela Europa destacou hoje a importância de criar "incentivos específicos" à poupança e às remessas dos emigrantes, dinheiros que se tornam ainda mais importantes na atual situação económica de Portugal.
Cristina Semblano, economista, emigrada em França, e principal candidata do Bloco pela Europa apresentou hoje em Lisboa o "Manifesto pela Emigração", em conjunto com Cecília Honório, responsável pelos assuntos relativos à emigração no grupo parlamentar do Bloco de Esquerda (BE).
Semblano deu a conhecer as principais propostas deste documento, que pretende, entre outros, travar a "expulsão de portugueses para o estrangeiro", fenómeno que se tem vindo a acentuar nos últimos anos, mas que "forçosamente será agudizado ainda mais pelas políticas recessivas que resultam do programa da troika internacional, apadrinhado pela troika nacional entre PS, PSD e CDS".
Sobre a importância das remessas dos portugueses que vivem no estrangeiro, Semblano lembrou que "em 2010 representaram 2,4 mil milhões de euros", o que demonstra como estes dinheiros são "importantes", e como os portugueses lá fora, "apesar do abandono de que tem sido alvos nos últimos 35 anos", continuam a contribuir para a economia portuguesas.
"Mesmo que nos cinjamos apenas a essas remessas, que estão longe de dar a totalidade dos fluxos de capitais provenientes da emigração, isto significa: três anos de remessas ao mesmo ritmo têm um peso entre nove e dez por cento do empréstimo que a troika acaba de conceder a Portugal a taxas de juro elevadíssimas", frisou.
É por isso que a cabeça de lista do BE pela Europa preconizou, na atual situação económica do país, a importância de criar "novas medidas de incentivo ao envio da poupança dos imigrantes", nomeadamente a "bonificação das taxas de juro dos empréstimos e a isenção de tributação ao nível dos rendimentos dos depósitos".
Uma medida específica, acrescentou a candidata do BE, deveria também ser dirigida aos "novos emigrantes", que continuam a pagar os seus empréstimos em Portugal com o trabalho no estrangeiro, e assim, de forma "inequívoca", estão a contribuir para "não piorar a situação do crédito mal parado em Portugal".
"O crédito mal parado em Portugal seria muito maior se não fosse a contribuição dos novos emigrantes", salientou a economista.
Sobre os portugueses que tentam a sua sorte lá fora, um fenómeno que se equipara a "níveis de emigração salazaristas, com fluxos que se aproximam dos registados nos anos 60", Cristina Semblano lembrou que estes atingem os jovens qualificados à procura de primeiro emprego, mas não só".
Este fenómeno também afeta, na sua maioria, e ao contrário do que é apregoado pelo regime, contingentes de população desempregada com pouca ou nenhuma qualificação", acrescentou, por sua vez, Cecília Honório, responsável pelos assuntos relativos a Emigração no Grupo Parlamentar do BE.
A cabeça de lista do BE pela Europa lembrou ainda que os deputados eleitos pelas comunidades emigrantes "são parte do regime que tem vigorado há 35 anos, com ou sem coligação com o CDS", e que nada tem feito pelos portugueses no estrangeiro.
SK
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