O apoio ao ensino da língua portuguesa em Londres e a apresentação do Centro Português de Apoio à Comunidade Lusófona - um projecto sócio-comunitário que entrou recentemente em actividade em Lambeth e que recebeu o apoio da autarquia local - foram dois dos temas da agenda de Steve Reed, autarac eleito pelo Partido Trabalhista. Contudo, o principal objectivo da deslocação do autarca à capital portuguesa foi promover e organizar a recepção da equipa olímpica portuguesa no município de Lambeth em 2012, durante a realização dos Jogos Olímpicos em Londres.
Lambeth - onde está situado o bairro conhecido por «Little Portugal», devido à sua numerosa comunidade portuguesa - pretende ser uma espécie de «Casa de Portugal» durante a competição, organizando eventos, recepções e encontros dos atletas com a comunidade local. Um programa variado que terá actividades a decorrer no Centro Português de Apoio à Comunidade Lusófona.
Na deslocação à capital portuguesa, Steve Reed fez-se acompanhar pela deputada responsável pelas áreas da Cultura e Desporto, eleita pelo círculo eleitoral de Lambeth e por Luis Ventura, Adelina Pereira e Lia Matos, dirigentes do Centro de Apoio à Comunidade Lusófona.
Promoção do ensino
Uma reunião com o vice-presidente do Instituto Camões (IC), Mário Filipe. Para além da apresentação do município de Lambeth, o autarca defendeu uma parceria entre o IC e o Centro de Apoio à Comunidade Lusófona, para a promoção do ensino de Português em Londres.
"O Português é uma língua importante a nível mundial, muito por causa do Brasil, e queremos perceber como ajudar a promover o seu ensino nas escolas", desse Steve Reed ao Emigrante/Mundo Português no final do encontro com Mário Filipe.
O autarca defendeu ainda "mais apoios para as actividades culturais portuguesas", afirmando que a comunidade lusa "é muito importante". "Os portugueses são a maior comunidade estrangeira e estão num processo de integração a vários níveis", explicou, acrescentando ser a sua intenção que a população em geral "conheça a cultura portuguesa, o que ajudará na sua integração.
Adelina Pereira, dirigente do Centro Português de Apoio à Comunidade Lusófona e «Portuguese Speaking Comunities Champion» - o elemento de ligação das comunidades lusófonas locais ao autarca - acrescentou que a visita pretende o desenvolvimento de programas de parcerias com o IC que dêem "maior visibilidade" à língua portuguesa, "com a possibilidade da inclusão nos currículos escolares londrinos. Nesse sentido defende ainda que a comunidade portuguesa pode ter um importante papel de "pressão" a desempenhar.
Além da reunião no IC e de encontros com o secretário de Estado do Desporto e Juventude e o presidente do Comité Olímpico de Portugal, a comitiva liderada por Steve Reed foi recebida por António Braga, a quem defendeu a importância de um centro de apoio que ajude à integração dos inúmeros portugueses que têm chegado à cidade. "Muitos chegaram recentemente e não sabem como o sistema funciona e a ideia (de criação de um centro de apoio à comunidade) é fornecer-lhes a informação de que precisam para se integrarem completamente", disse Steve Reed à Lusa, no final do encontro com o secretário de Estado das Comunidades.
António Braga destacou a preocupação das autoridades de Lambeth com a integração completa da comunidade portuguesa. Sobre a reunião, o governante referiu que foram debatidos "aspectos particulares de um entendimento que já vínhamos desenvolvendo há algum tempo, nomeadamente mobilizando o Instituto Camões para criar melhores condições em alguns projectos da autarquia, no sentido de desenvolver especialidades para o ensino da língua portuguesa".
Sobre a possibilidade da integração do Português como língua de opção no ensino oficial e as possibilidades de cooperação de Portugal com o projecto do Centro Português de Apoio à Comunidade Lusófona, António Braga lembrou que "um Governo em gestão não pode assumir compromissos dessa natureza", mas revelou que foram desenvolvidas "linhas de actuação que no futuro poderão vir a ser consolidadas pelo Governo que vier a seguir".
Portugueses formam a maior comunidade estrangeira em Lambeth
Tida como a zona mais conotada com a presença portuguesa no Reino Unido, o município de Lambeth alberga "cerca de 50 mil portugueses e luso-descendentes", como revelou Luis Ventura ao Emigrante/Mundo Português. A comunidade lusa constitui o grupo de estrangeiros com maior expressão no município, tendo, em termos políticos, um grande potencial eleitoral e de representatividade, já que os portugueses têm direito de voto nas eleições autárquicas.
Uma realidade que não deixou indiferente o presidente da Câmara local. Steve Reed apoiou desde o início, a criação Centro Português de Apoio à Comunidade Lusófona de Lambeth, um espaço que pretende ser a «Casa da Lusofonia» na região de Londres. "Foram eles que deram o pontapé de saída do Centro, com a atribuição de 500 mil libras (572 mil euros)", avançou Luis Ventura, acrescentando que "estima-se que existem entre 400 e 600 mil lusófonos em Londres e praticamente não se tem feito nada em termos de apoios".
A atribuição da verba foi aprovada pela assembleia municipal de Lambeth em Outubro de 2009 e o Centro Português de Apoio à Comunidade Lusófona, entrou recentemente em actividade.
Luis Ventura explicou ainda que o espaço pretende sediar actividades ligadas à educação, cultura e negócios, nomeadamente cursos de inglês, informática e português. O Centro deverá ainda este ano dinamizar, com o apoio da autarquia de Lambeth, o «Mês Lusófono» em Londres. O evento que deverá ocorrer em Outubro, pretende ser uma celebração da lusofonia, com actividades diversas relacionadas com os países lusófonos, e realizar-se todos os anos.
Além das actividades de cariz educativo, cultural e económico, o Centro foi pensado para ser um espaço de apoio à integração aos emigrantes que chegam à área de Londres. "Há uma nova vaga de emigração portuguesa, chegam aviões com famílias todos os dias", revela Adelina Pereira, alertando para o facto de chegarem "pessoas em situação limite, com pouco dinheiro".
"Têm problemas em arranjar emprego porque não sabem que, por exemplo, é preciso abrir uma conta bancária, e registarem-se nos serviços de saúde para que lhes seja atribuído um médico de família", explica a dirigente do Centro, acrescentando que este pretende desenvolver um trabalho no sentido de facilitar "na medida do possível a integração desses portugueses" e lusófonos em geral. "Algo que requer mais conhecimentos do que propriamente recursos financeiros", disse.
Ana Grácio Pinto
apinto@mundoportugues.org
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