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Fim das visitas regulares retira força aos emigrantes
2010-12-28
Comunidade de Jersey e Guernsey sente falta de apoio por parte da diplomacia

Raul Caires Rubina Vieira, Correspondente em Londres

O fim das visitas regulares de governantes e políticos portugueses às Ilhas britânicas de Jersey e de Guernsey deixou os emigrantes um tanto ao quanto órfãos e sem força para fazer valer os seus direitos enquanto cidadãos radicados num país estrangeiro.

A constatação é feita por Carlos Gomes, vice-conselheiro das Comunidades Madeirenses por Guernsey, quando instado pelo DIÁRIO a perspectivar o futuro da comunidade emigrante radicada nas chamadas Ilhas do Canal, maioritariamente composta por naturais da Região. 

"Não quero atacar ninguém. Simplesmente digo que essas visitas eram muito importantes e deviam ser asseguradas de uma forma regular", disse, explicando que os emigrantes precisam do "apoio" que era dado nessas deslocações frequentes.

Carlos Gomes recorda que os governantes visitavam sempre os bailiffs (governadores) das ilhas, os responsáveis da Segurança Social e do Departamento de Emprego e ainda associações de comércio, indústria e serviços. "De vez em quando surgem alguns inconvenientes e é sempre preciso que alguém tenha de dar a cara, [mesmo que seja algum tempo depois], em defesa dos que menos sabem das coisas", observou o vice-conselheiro. "E isto dá força a nossa comunidade".

Tanto os representantes do Governo Regional como os do Governo da República têm invocado as dificuldades financeiras geradas pela crise que vem afectando há alguns anos Portugal para justificar a falta de verbas para assegurar tais viagens e numa altura em que toda o apoio é bem-vindo.

Os portugueses que emigram para o Reino Unido estão a enfrentar a concorrência de comunidades emigrantes de outros países, nomeadamente dos novos países membros da União Europeia. Estes emigrantes chegam, normalmente, melhor preparados porque dominam o inglês, e têm mais formação académica. Se em Jersey já se nota uma preferência por contratar polacos, em Guernsey verifica-se uma predilecção pelos letões.

No passado, a grande maioria dos emigrantes chegava às ilhas do Canal depois de ter passado por uma fase de aconselhamento junto das autoridades portuguesas. Agora, aproveitando os contactos dos muitos emigrantes estabelecidos há muito nas ilhas, muitos partem com expectativas baseadas em experiências passadas que já não têm concretização na actualidade.

Por outro lado, observou Carlos Gomes, é preciso ter em conta que o Governo britânico está a implementar políticas cortes na despesa ao nível da Segurança Social, as quais implicam 'adiar' ao máximo que aos cidadãos estrangeiros sejam atribuídos direitos e garantias ao nível dos que são dados aos cidadãos britânicos. "Isto é como no mundo dos negócios: quem não aparece perde o lugar", avisou Carreos Gomes, pedindo mais intervenção diplomática.

Mais fácil tratar cá
Apesar das várias inovações anunciadas pelo Governo da República ao nível da tramitação de documentos nos consulados portugueses, os emigrantes em Jersey e Guernsey continuam a ter de esperar muito tempo para ver concretizados os seus pedidos. Muitos, segundo apurámos junto de várias fontes, continuam a optar por tratar de documentos como o cartão do cidadão quando visitam a terra natal. O processo é mais rápido, fácil e menos dispendioso. No caso das ilhas do Canal, o processo é mais moroso pois a entidade consular desta região depende do Consulado Geral de Londres. 

Diário de Notícias da Madeira, aqui.

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