Os madeirenses continuam a emigrar, nunca o deixaram de fazer, mas as autoridades regionais não têm números sobre o movimento migratório dos últimos anos. A ideia é que, quem parte, vai para o Reino Unido, uma comunidade que, neste momento, terá perto de 100 mil portugueses oriundos da Madeira. Quanto às estatísticas, é difícil recolher dados num País onde cada um é livre de partir e num espaço sem fronteiras para cidadãos da União Europeia.
Brazão de Castro, o secretário que tutela estas áreas, explica que não é possível ter números. O Centro das Comunidades e o Instituto de Emprego apoiam, dão indicações. No entanto, é fácil perder o rasto, as pessoas podem ir ou não. "É uma decisão pessoal e individual. Vivemos numa democracia, num País livre, não há maneira de contabilizar essas decisões e essas saídas".
Não se sabe quantos saíram este ano, nem quantos partiram no ano passado, se foram de vez ou se ficaram apenas por uns meses. E também não é possível saber se são mais agora do que eram em 2000, ano em que o desemprego na Madeira bateu os recordes mais baixos. "Temos algumas indicações. Sei, por exemplo, que recentemente uma empresa hoteleira de uma das ilhas do Canal contactou o Instituto de Emprego à procura de trabalhadores".
Rumo a Londres
O secretário dos Recursos Humanos admite que houve troca de informações, foram fornecidos contactos. "O que não sei é se as pessoas aceitaram as propostas e emigraram". Do mesmo modo, há dados sobre quantos madeirenses estão na Europa a trabalhar através de propostas feitas na rede 'Eures'. "Uma vez mais, as pessoas contactam os serviços, pedem informações e, depois disso, perdemos o rasto. A maioria, no entanto, até trata tudo via on-line".
Apesar da falta de estatísticas, Brazão de Castro admite que continua a existir um fluxo migratório para o Reino Unido, sobretudo para Londres. A comunidade terá perto de 100 mil madeirenses e é já a terceira mais importante, a seguir à Venezuela e a África do Sul. Mais recente, mais jovem e onde quem parte tem contactos, um endereço, amigos e familiares.
Se se desconhecem os números, também não há dados sobre as habilitações destes novos emigrantes. Terão mais estudos, serão licenciados? A pergunta não tem números oficiais, mas parece certo que, quem parte, procura, além da mudança de ares, melhores oportunidades, um emprego e um salário. Brazão de Castro não adianta explicações para estas saídas, nem mesmo com os actuais números do desemprego.
"Os valores do desemprego são estes, nunca os camuflei e quem diz que são abaixo da média nacional é o Instituto Nacional de Estatísticas". A situação não será brilhante em termos de emprego na Região. O secretário reconhece que não, mas lembra que a conjuntura de desemprego é esta em termos globais. "Se olharmos para Canárias percebemos as diferenças. A situação está difícil, mas não tão complicado como em Canárias, onde a taxa de desemprego está acima dos 20%".
A declaração
A saída
Depois de anos a anunciar que a emigração tinha acabado, Jardim reconheceu, numa inauguração em Machico, que esta pode ser a solução para os jovens. E vaticinou. Em breve, disse, "cada família vai ter um jovem a partir para o estrangeiro".
Os números
70 a 75 mil
O Observatório da Emigração garante que o movimento migratório é semelhante ao que se verificava nos anos 60. Por ano, as estimativas apontam para a saída de 70 a 75 mil portugueses para o estrangeiro. Vão para o Reino Unido, Suiça e também para Angola.
Os anos de esperança
Sem emigrar
A emigração portuguesa só estancou nos anos da Revolução dos Cravos (1974-75) e no período da integração na União Europeia (1986-87). De resto, e segundo o Observatório da Emigração, foi mais ou menos constante nas últimas décadas.
Diário de Notícias da Madeira, aqui.