O documento faz uma retrospectiva dos últimos cem anos de migrações em
Portugal, com informação cronológica, geográfica e sociológica sobre as
migrações portuguesas. O livro vai ser lançado durante o colóquio
Migrações, Minorias e Diversidade Cultural, que decorre esta
quinta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
"Os
portugueses não saíram por vocação mas por acidentes da história. A
História explica muito", diz Pena Pires ao PÚBLICO, confessando que "é
céptico às explicações culturalistas" sobre a emigração, seja a
portuguesa ou outra. A saída de Portugal não se deve a "uma
característica geral comum a todos os portugueses", mas a questões
económicas e ao passado colonial, avança. Actualmente, mais de dois
milhões de portugueses, nascidos em Portugal estão fora do país e, por
outro lado, existe meio milhão de estrangeiros a residir no país. Pena
Pires defende a necessidade de atrair mais imigrantes, de maneira a
"compensar" o número de saídas. O sociólogo explica que a emigração se
faz em idade activa, logo, é necessário repor activos no mercado de
trabalho, bem como compensar o défice de financiamento do sistema de
Segurança Social.
Além da apresentação do Atlas, o colóquio
procura ainda dar a conhecer as experiências dos jovens que deixaram
Portugal para estudar ou para trabalhar. A intenção é "apontar
caminhos, fazer recomendações e dar sinais de esperança aos que estão
cá dentro e aos que estão fora", revela Luísa Valle, directora do
Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano.
O Atlas resulta
de um projecto do Centro de Investigação e Estudos em Sociologia do
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e foi
financiado pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da
República e pela FCG. Desde 2006 que a Gulbenkian tem vindo a promover
encontros, projectos e publicações sobre o tema das migrações.
Público, aqui.