Início / Recursos / Recortes de imprensa / 2010
Cortes do Governo britânico podem atingir portugueses
2010-10-22

por LUÍS NAVES

 

Muitos portugueses trabalham nos serviços e têm contratos a prazo, mas ainda não se sente a falta de trabalho, dizem.

As medidas de cortes na despesa pública decididas pelo Governo britânico podem ter efeitos importantes na vida da comunidade emigrante portuguesa no Reino Unido, cujo número é flutuante, mas deverá oscilar entre 200 mil e 300 mil. Muitos portugueses trabalham no sector dos serviços e têm contratos a prazo. E algumas empresas do sector já estão a sentir a redução de negócios envolvendo organismos do Estado.

No caso do Centro Desportivo Cultural Português, em Stockwell, este um bairro londrino também conhecido por Little Portugal, a crise orçamental do Estado não deve bater à porta. O clube de futebol tem um café, um restaurante, é frequentado por portugueses e mantém 600 a 700 sócios, não sendo de prever redução importante do número de associados.

A vida continua com normalidade: na próxima semana, por ocasião do aniversário, este centro desportivo organiza um evento que terá a presença de Tony Carreira.

Um dos responsáveis do clube, Rui Serrão, explica ao DN que por vezes alguns membros da comunidade anunciam que se vão embora, "mas estão logo aí outra vez". Em Londres, o custo de vida é elevado e os cortes orçamentais do Governo poderão até afectar no futuro a comunidade portuguesa, reconhece Rui Serrão, há 15 anos no Reino Unido. Mas regressar a Portugal "não está nos meus planos".

"Pelo que eu oiço, [as pessoas que conheço] vão continuar aqui", diz por seu turno Nelson Almeida, 35 anos, há 14 anos no Reino Unido. "Aqui em Londres, sempre há emprego. Em Portugal, é que não se vê qualquer solução." Este emigrante, que trabalha no sector dos serviços, na hotelaria, não tenciona voltar a Portugal. As medidas terão o "mesmo impacto que têm para os ingleses", disse ao DN ainda outro português, que no entanto espera efeitos negativos, sobretudo nos serviços.

Os negócios de restauração ou pastelaria, em que os portugueses estão muito activos, podem sofrer com as medidas de austeridade, mas será por via indirecta. Um possível efeito das medidas do Governo de David Cameron, segundo adiantou outro emigrante, será nas férias em Portugal, quando houver menos dinheiro para gastar. O que todos admitem é que, a prazo, possa haver menos empregos, mas isto é algo que ainda não sentem na realidade.

O Governo britânico decidiu proceder a cortes de 83 mil milhões de libras (cerca de 95 mil milhões de euros) na despesa pública nos próximos quatro anos, período em que o défice orçamental terá de baixar de 10,1% para 1,1% em 2015. Haverá também um aumento de impostos de 30 mil milhões de libras. Se os impostos afectam toda a gente, os cortes sociais terão mais impacto em populações pobres e dependentes, incluindo entre os emigrantes.

As medidas do Governo de cortes na despesa pública colocam em risco meio milhão de empregos no Estado, mas mais de metade destes postos de trabalho serão de pessoas que passam à reforma e cujos lugares não serão reocupados. A perda de empregos públicos será efectuada ao longo de quatro anos. O plano do Governo está a ser fortemente contestado pela imprensa britânica, a oposição e os sindicatos. Os críticos afirmam que as medidas vão provocar nova recessão.

DN Globo, aqui.

Observatório da Emigração Centro de Investigação e Estudos de Sociologia
Instituto Universitário de Lisboa

Av. das Forças Armadas,
1649-026 Lisboa, Portugal

T. (+351) 210 464 322

F. (+351) 217 940 074

observatorioemigracao@iscte-iul.pt

Parceiros Apoios
ceg Logo IS logo_SOCIUS Logo_MNE Logo_Comunidades