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Associações portuguesas em França discutem «saída do gueto»
2010-10-16

Representantes das associações portuguesas em França discutiram hoje em Paris formas de "recusar o gueto" e de conseguir um "poder reivindicativo" equivalente ao número de lusodescendentes.


"O movimento associativo português em França pode ser muito mais do que aquilo que é. Mais ousado, mais autónomo, mais criativo e mais ambicioso", afirmou o deputado socialista português Paulo Pisco.

O deputado falava na Câmara Municipal de Paris, na abertura de um dia de debates e sessões de trabalho do sétimo encontro promovido pela Coordenação das Colectividades Portuguesas de França (CCPF).

Secundando a ideia central do deputado socialista, o social democrata Carlos Gonçalves assinalou o consenso sobre "os temas redundantes da comunidade portuguesa em França" e a necessidade de assegurar a renovação do movimento associativo.

Carlos Gonçalves lembrou que está em discussão na especialidade o projecto de lei que enquadra as relações das associações portuguesas no mundo com o Governo e a administração em Portugal e que prevê a criação de um registo nacional dessas colectividades.

"O projecto de lei define as formas e critérios de financiamento do movimento associativo nas comunidades portuguesas. Neste momento nem sequer sabemos o volume nem a distribuição dos apoios, isto é, não é possível saber para que serviram os apoios ao associativismo", afirmou o deputado do PSD.

Os problemas de implantação, renovação e coordenação do movimento associativo foram evidenciados por Paulo Pisco, que sublinhou existir um "risco de desilusão dos poderes políticos e administrações se a expectativa relativamente à comunidade portuguesa não for concretizada".

Para o deputado socialista eleito pelo círculo da emigração, "há um nível de perigosidade no facto de haver tantos portugueses que têm uma força enorme mas que não a usam" porque, por exemplo, não estão recenseados e não recorrem ao poder do voto nas eleições em França.

Hermano Sanches Ruivo, conselheiro municipal de Paris e, até domingo, presidente cessante da direcção da CCPF, lançou críticas ao atraso de resposta das autoridades portuguesas em relação à proposta de caderno de encargos entre a Coordenação das Colectividades Portuguesas em França e a Secretaria de Estado das Comunidades, em Portugal.

"O Governo português não quer que as estruturas associativas nas comunidades ganhem força", acusou o autarca de origem portuguesa. "Tem medo que a estruturação do movimento associativo português signifique uma maior capacidade política das associações".

Hermano Sanches Ruivo vai propor no domingo que a eleição do conselho de administração da CCPF não seja acompanhada, de imediato, pela eleição da nova direcção, "como protesto simbólico" pelo atraso de resposta da Secretaria de Estado das Comunidades.

"O movimento associativo é a base da afirmação dos portugueses onde se encontram as comunidades", referiu o cônsul geral de Portugal em Paris, Luís Ferraz, salientando o conceito de "integração diferenciada".

Luís Ferraz fez um apelo à participação política dos portugueses e lusodescendentes em França, começando pelo recenseamento eleitoral: "Por cem votos escolhe-se um ‘maire'. Cem votos fazem a diferença".

Segundo dados da CCPF, existem cerca de 950 associações portuguesas em França.

Notícias Lusófonas, aqui.

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