por Cláudia Garcia
"A língua portuguesa é a quinta língua mais falada no mundo." A frase
que José Sócrates e Luís Amado empregam tantas vezes durante o seu
discurso não foge à realidade, mas também não representa a glória do
país. O ensino da língua portuguesa abrange 72 países, 294
instituições, 1691 professores e mais de 150 mil alunos. Mas motivações
resumem- -se, maioritariamente, em três palavras: Brasil e África.
"O ensino de português no estrangeiro está de boa saúde. É preciso é
credibilizar o português na Europa", comenta a presidente do Instituto
Camões (IC), Ana Paula Laborinho. Os mentores da língua de Camões no
estrangeiro reforçam a dependência da língua aos países emergentes.
Liliana Gonçalves, professora de Português na Universidade de
Comunicação de Pequim, conta que o interesse pela nossa língua tem
aumentado um pouco por toda a China. "Isso deve-se sobretudo ao
desenvolvimento das relações comerciais entre a China e, especialmente,
o Brasil e Angola". O ensino de português na China abrange 17
universidades, 1200 alunos e é tutelado pelo Instituto Camões. Ana
Paula Laborinho salvaguarda a importância do Japão e de Macau para
segurar a posição no ranking. "O português é língua oficial em Macau
até 2049." Já o caso do Japão restringe-se, uma vez mais, "ao Brasil, e
à forte tradição da imigração japonesa" sobretudo no estado de São
Paulo (a maior comunidade japonesa fora do país).
"Posso
afirmar que 65% da procura do português deve-se à influência do Brasil,
que é o país do mundo que está a lucrar mais com a ascensão económica
da China", explica Nuno Batista, director de uma escola de línguas -
português e inglês - em Pequim. O professor considera que 33% dos
chineses querem aprender a língua pelos "negócios emergentes nos países
africanos, como Angola, Moçambique e Cabo Verde. Os "restantes 2% por
curiosidade ou turismo em Portugal".
No continente africano a
dimensão do português já não se cinge apenas aos países lusófonos. José
Horta é responsável pelo departamento no Senegal e Costa do Marfim. O
professor explica que na "Universidade de Dakar há cerca de 900 alunos
inscritos na licenciatura em Estudos Portugueses." As motivações "são a
proximidade do país com a Guiné-Bissau e Cabo Verde e o crescimento dos
investimentos senegaleses no Brasil." Portugal está fora deste
"mercado": "Existem três ou quatro empresas portuguesas aqui." Na Costa
do Marfim, o projecto também está em crescimento. No ano passado havia
cerca de 50 alunos no curso de Português. As motivações apresentadas
pelos alunos, durante as aulas, são "a matéria-prima e os recursos do
Brasil e de Angola".
Também na Europa a motivação para aprender
a língua não se afasta muito das razões dos outros continentes. "A
própria Europa interessa-se pelo português por razões que abrangem o
Brasil e a África", afirma a presidente do IC. As excepções são ainda
países como a Suíça e o Luxemburgo, onde a comunidade portuguesa e a
rede de professores é muito expressiva.
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