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Remessas de portugueses nos PALOP subiram 44%
2010-10-06
A principal fatia cabe aos que emigraram para Angola, de onde veio a maior parte dos 109 milhões de euros registados em 2009. Do país saíram 42 milhões de euros

Entre 2008 e 2009 o valor das remessas enviadas pelos portugueses que foram trabalhar para países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e Timor-Leste subiu 44 por cento para os 109,1 milhões de euros.



Assim, no ano passado entrou mais do dobro do dinheiro que saiu de Portugal, já que as remessas de imigrantes destes países foram de 42 milhões de euros, de acordo com os dados divulgados ontem no estudo Evolução das economias dos PALOP e de Timor-Leste, do Banco de Portugal.



Este fenómeno é explicado pela migração de trabalhadores portugueses para Angola, país de onde vieram, em 2009, 103,5 milhões de euros. Apesar deste saldo positivo não ser uma novidade, uma vez que isso já acontece desde 2007 (ver gráfico), a diferença é cada vez maior, chegando agora aos 67,1 milhões de euros.



E, de acordo com o banco central, a subida das remessas fez com que houvesse, pela primeira vez, um saldo favorável para Portugal em termos de transferências correntes com os países em análise.



Em Maio deste ano, o PÚBLICO já tinha dado conta do crescimento das remessas com origem em Angola, realçando que os valores enviados de Angola para Portugal tinham disparado entre 2004 e 2009, enquanto as remessas enviadas de Portugal para Angola tinham estabilizado (12,3 milhões de euros no ano passado).



Esta subida dos montantes tem por base a crescente migração laboral para Angola, um país em crescimento económico, mas carente em mão-de-obra qualificada. Ainda de acordo com a notícia publicada em Maio, em 2009 havia 74 mil portugueses em Angola, mais 53 mil do que em 2003, segundo dados da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares. Olhando para o número de vistos emitidos pelo Consulado de Angola em Portugal, estes atingiram os 46.486 no ano passado, cerca do dobro das autorizações concedidas em 2008.



O atraso nos pagamentos do Estado angolano às empresas (agora em fase de resolução) poderá terá refreado este ímpeto em 2010, mas isso só será visível no ano que vem. O próprio relatório do Banco de Portugal constata que a descida do preço do petróleo em 2009 levou as autoridades angolanas a introduzirem medidas de contenção da despesa para corrigir os desequilíbrios, "cujo corolário foi a queda acelerada das reservas cambiais e a emergência de pagamentos em atraso (internos e externos)"



No que toca à balança comercial com os PALOP e Timor-Leste (cujo peso é residual em todas as categorias), o saldo é claramente positivo para Portugal, tendo chegado aos 2,46 mil milhões em 2009 (mais 10 por cento face a 2008, com a ajuda da quebra das importações).Olhando para os investimentos, Portugal aplicou, em termos brutos, 710,5 milhões de euros no ano passado (com destaque para Angola e Moçambique), quase menos 200 milhões do que em 2008, invertendo assim a tendência de crescimento que existia desde 2004.



Processo inverso verificou-se nas entradas de investimentos em território nacional, já que estes atingiram os 117,5 milhões de euros no ano passado, mais do dobro de 2008. A maioria, mais uma vez, teve origem em Angola, destacando-se a actividade imobiliária com 75 milhões de euros.

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