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Angola: Estancado regresso forçado trabalhadores portugueses
2010-09-30
O setor da construção civil em Angola foi o mais afetado pela crise, levando a que, em 2009, muitos dos trabalhadores regressassem a Portugal, mas a situação está agora normalizada, segundo construtoras portuguesas.

Empresas como a Somague ou a Edifer admitiram publicamente que a sua laboração estava mesmo em risco de parar devido aos atrasos nos pagamentos por parte do Governo angolano.

 

A resposta passou pela diminuição de pessoal expatriado mas, como contou à Agência Lusa fonte da Mota-Engil, referindo-se genericamente ao setor e não especificamente à empresa, esse impacto foi mais notado durante o ano de 2009, tendo o regresso a Portugal estancado entretanto «porque houve a necessária adequação» à realidade.

O sector da construção civil é um dos principais responsáveis pelo forte crescimento da comunidade portuguesa em Angola entre 2006 e finais de 2008, que passou de cerca de 70.000 para mais de 100.000.

E foi ainda o sector da construção o responsável pela grande parte do regresso forçado de trabalhadores portugueses em 2009, em consequência do acumular de dívida do Estado angolano às empresas, na ordem dos 7 mil milhões de dólares até ao primeiro semestre de 2010, justificado pelo Executivo de Luanda com a queda do preço do petróleo.

No entanto, o Estado angolano anunciou no início de 2010 que renovou um programa de pagamento faseado da dívida, depois de algumas das empresas portuguesas a operar em Angola terem tornado público o risco de serem obrigadas a parar a laboração.

Este cenário levou a que em algumas construtoras centenas de trabalhadores regressassem a Portugal durante 2009, situação entretanto contida com a promessa de Luanda em iniciar os pagamentos, mas também pelas correcções entretanto feitas pelas empresas no ano passado.

Fonte de uma das maiores construtoras portuguesas a operar em Angola lembrou que, "por causa das dificuldades de obtenção de vistos", a norma é que os portugueses "permaneçam por curtos períodos em Angola", em muitos casos por apenas três meses, sendo ciclicamente substituídos por outros, embora admitindo que em alguns casos "essas substituições não foram feitas".

Segundo fontes de várias empresas portuguesas contactadas pela Lusa, o programa de pagamentos anunciado não está a ser cumprido e isso mesmo é assumido pelos ministros da Economia, Manuel Nunes Júnior, e das Finanças, Carlos Alberto Lopes, numa carta enviada ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Na carta ao director do FMI, Dominique Strauss-Khan, os dois ministros referem que, apesar de alguns progressos na economia angolana, "o Governo continuou a acumular pagamentos atrasados, devido principalmente à acentuada redução das receitas orçamentais petrolíferas, em resultado da crise económica e financeira internacional".

Consciente do impacto adverso destes atrasos na actividade económica e confiança dos investidores, o Governo angolano reitera o compromisso de limpar a "maior parte" destes pagamentos até final deste ano.

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