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Galeria do Baleeiro Açoriano inaugurada no Museu da Baleia
2010-09-09

NEW BEDFORD - Chegou uma nova maré.
 Após mais de uma década em planeamento, a Galeria do Baleeiro Açoriano vai ser inaugurada hoje, pelas 5:30 p.m., no Museu da Baleia.
 

Sendo a única exposição permanente do seu género nos E.U.A., a galeria irá relatar o intercâmbio cultural Açores-América no século XIX, através da baleação e da sua relevância para a expansão da área de New Bedford, através do século XX.
 "Queremos contar a história da Diáspora portuguesa," salientou o presidente do Museu da Baleia, James Russell. "Muitas pessoas têm trabalhado arduamente para concretizar esta Galeria do Baleeiro Açoriano."
 Contando com um subsídio de $500,000, atribuído em 1998 pelo Governo de Portugal, a exposição concentrar-se-á no panorama geral do arquipélago açoriano e na Diáspora açoriana, nas embarcações baleeiras que frequentavam as ilhas açorianas e nas pessoas que as ligavam a New Bedford. Tudo isto será relatado através de arte e artefactos de ambas as localidades, desde a época da baleação até ao presente.
 Composta por cerca de 120 artigos, a exposição mostrará peças de arte, artefactos, filmes e fotografias sobre os laços marítimos, culturais e sociais que unem os dois lados do Atlântico.
 Muitas figuras históricas da comunidade açoriana de New Bedford também serão destacadas, incluindo marinheiros, mestres, proprietários de embarcações e empresários marítimos. Muitos imigrantes açorianos tornaram-se elementos integrais da comunidade marítima, empresarial e social. 
 Os objectos em exposição não são apenas singulares, mas bastante diversificados, desde um dente de cachalote com 35 milhões de anos, um livro raro sobre traças de carpintaria náutica e um milhafre embalsamado a inúmeros artigos pessoais, caso de báu de bordo pertencente a Manuel Mendonça, um tanoeiro açoriano embarcado num navio americano, no século XIX, que eventualmente se radicou em New Bedford. O báu está repleto de artigos pessoais que reflectem o estilo de vida naquela altura.
 "Quanto mais se olha para eles, mais se vê a ligação de cá para lá e vice versa," salientou Gregory Galer, vice-presidente de colecções e exposições no Museu da Baleia. "Contam coisas de pessoas específicas, embarcações, objectos pessoais...não são apenas generalidades. Pode-se ver como é que as coisas funcionam juntas. Trata-se de uma abordagem integral."
 A parte central da exposição está localizada no Edifício Bourne - o maior do complexo do museu.
 "Tê-la aqui, transmite uma mensagem importante, está literalmente lado-a-lado com a contribuição Yankee à baleação," salientou Russell. "Transmite um sinal importante que queremos que a comunidade ouça."
 Os visitantes serão recebidos por um arco grande, elaborado com pedra vulcânica.
 A embarcação Pico, de 30 pés de comprimento, também integra a exposição.
 A cerimónia de inauguração, que tem admissão grátis e é aberta ao público, terá início com a actuação do grupo Ilhas de Bruma, na Casa dos Botes da Sociedade de Herança Marítima Açoriana, localizada em 25 North Water Street.
 Os presentes seguirão posteriormente em cortejo até ao Johnny Cake Hill, onde entrarão no edifício Bourne.
 Prevista está a comparência de inúmeras autoridades, incluindo o Governador de Massachusetts, Deval Patrick. O Embaixador de Portugal em Washington, Dr. João de Vallera, representará o Governo português na cerimónia.
 "Este é também um momento singular para a nossa comunidade portuguesa e luso-descendente por representar o reconhecimento por parte de uma prestigiada instituição como o Museu da Baleia do papel de enorme importância que historicamente o Povo Português desempenhou na época da baleação e para a história e herança marítima desta região," salientou a Cônsul de Portugal em New Bedford, Dra. Graça Fonseca.
 Para João Pinheiro, um dos fundadores da Sociedade de Herança Marítima Açoriana, a galeria é a "concretização de um sonho."
 "Deixa saber a nossa grande cultura marítima," frisou. "Estou muito orgulhoso. Nós os açorianos estamos virados para o mar."
 Duas outras exposições estarão patentes, ligadas à inauguração da galeria.
 "Drawn From New Bedford: Arthur Moniz - A Retrospective" apresenta cerca de 40 telas e esboços do artista luso-americano da região do Southcoast.
 "A Baleação no Faial, 1940-1984" é uma exposição itenerante dos Açores, que examina as operações da baleação durante o século XX, até à sua extinção.
 A antropóloga Márcia Dutra, coordenadora desta exposição, salientou que a exposição não só mostrará os aspectos nevrálgicos da baleação açoriana, mas também as suas ramificações nos sectores turístico, cultural e artístico.
 "Sinto-me muito orgulhosa," salientou a antropóloga. "É importante trazer um pouco da história, da cultura açoriana. É com alegria que faço parte disto e é gratificante ver a importância que é para a comunidade."
 Russell calcula que o museu já despendeu cerca de $1 milhão em exposições temporárias, palestras e outras iniciativas para aprofundar e difundir esta história.
 "Não vamos parar por aqui," salientou. "A exposição poderá sofrer modificações com o tempo, à medida que investirmos nela e procurarmos outros objectos. Isto é apenas o início."
 O presidente adiantou ainda que o museu irá desenvolver programas adicionais e eventos relacionados com o intercâmbio cultural Portugal-E.U.A.
 No próximo dia 22 de Outubro, o Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, visitará o museu para assinar um protocolo entre os Açores, New Bedford e São Francisco.
 O museu também está a trabalhar com o Museu da Baleia da Madeira para facilitar a restauração de um esqueleto de baleia que irá ficar em exposição no arquipélago madeirense.
 "Estou curioso para ver o que mais vai surgir," salientou Motta. "Irá definitivamente aumentar os nossos conhecimentos em relação a esta ligação que a exposição está abordar."

O Jornal, aqui.

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