49% dos jovens (entre os 12 e os 29 anos) é de origem estrangeira, constata o primeiro relatório nacional relativo à situação da juventude, elaborado por 8 investigadores da Universidade do Luxemburgo, no quadro da lei da Juventude de 2008.
Se o relatório tem como principal destinatário o governo, ele não é menos importante para o público em geral visto o carácter multicultural da sociedade jovem no Grão-Ducado.
Os portugueses, a maior comunidade de estrangeiros no país, a par dos ex-jugoslavos, são os que menos qualificações apresentam comparativamente aos luxemburgueses e às restantes comunidades. Um factor que os condiciona a nível de trabalho, sendo por isso eles que ocupam os sectores profissionais menos qualificados. Consequentemente, são os portugueses que dispõem de uma situação sócio-económica menos desafogada.
Numerosos estudos, nomeadamente o estudo Pisa, demonstram que os jovens estrangeiros residentes no Luxemburgo apresentam maiores dificuldade no que toca à aprendizagem. Esta situação fica a dever-se a diversos factores, entre eles, os poucos recursos financeiros e de formação da própria família.
Mas, a situação linguística do país é também uma "pedra no sapato" dos jovens estrangeiros que muitas vezes só dispõem de uma orientação francófona e que noutros casos não dominam nenhuma das três línguas do país.
Portugueses são os que mais reprovam
Em termos de resultados escolares, os portugueses, tal como os italianos e os cabo-verdianos, distinguem-se no meio escolar pela sua forte taxa de reprovação.
A nível do ensino pós-primário, o ensino secundário (mais conhecido por clássico) é maioritariamente frequentado por luxemburgueses, enquanto que os portugueses, ex-jugoslavos e residentes de origem não comunitária frequentam o ensino técnico.
No entanto, o panorama está a mudar. Se entre 84 e 93% dos portugueses de primeira geração não tinham mais que a escola primária, o número decresce para os 32% nos portugueses de segunda geração. Também 10% dos filhos dos imigrantes portugueses já frequentam o ensino superior, enquanto que na primeira geração não havia mais que 3% deles a disporem de qualificações a nível do ensino superior.
As desiguladades sentidas no meio escolar são posteriormente sentidas no mercado de trabalho. São os estrangeiros que começam a trabalhar mais cedo visto também serem eles a deixarem a escola mais cedo. O desemprego atinge principalmente estes jovens.
Poucos são os jovens que seguem as pisadas profissionais dos pais
Ao nível dos cargos ocupados por portugueses da primeira e da segunda geração, o relatório salienta o facto de estes últimos não seguirem a profissão dos pais. actualmente, não existem mais que 23% de jovens portugueses a trabalhar nas obras, contra 60% da primeira geração. Também apenas 9% das jovens portuguesas são empregadas de limpeza, contra 70% da primeira geração.
O poder político é outra das portas da integração, mas, de acordo com o relatório, só 9% dos jovens portugueses manifesta algum interesse pela temática, contra 38,25 de luxemburgueses.
Nas associações é igualmente sentida uma falta de participação de jovens estrangeiros. 50,9% dos luxemburgueses fazem parte de um club, contra 26,2% dos portugueses. Estes participam essencialmente em associações criadas pela comunidade à qual pertencem, denotando-se assim o peso da língua materna nestas escolhas.
Para além destes grupos de imigrantes quase homogéneo, o Luxemburgo conta ainda com grupos de élite transnacionais (transnational upper-class) formado por funcionários do sector financeiro ou das Instituições Europeias. Estes últimos não descontam para a Segurança social do Luxemburgo, nem os filhos frequentam o sistema de ensino nacional, contudo criam impacto no sistema social do país.
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