Agosto é, por excelência, o mês de festa para os emigrantes. O regresso à terra-natal faz-se todos os anos para o mais valioso período de férias. Muitos já pensam em regressar definitivamente às raízes, mas para outros "ainda não é hora". Há também quem nem faça planos de regresso e se fique pela eterna saudade nos restantes 11 meses do ano. Cada emigrante conta a sua história.
Na pacata localidade de Monte Francisco no concelho de Castro Marim há uma festa cujo nome não deixa margem para equívocos e é porta de entrada para muitos que se querem reencontrar na alegria típica e aproveitar ao máximo os dias em terra lusa. É a «Festa do Emigrante» que celebrou no passado fim-de-semana 16 anos de existência e que contou com cerca de 2500 participantes. Apesar do número ser redondo já não traduz a afluência de outrora. Porque "há menos emigrantes da terra", explica prontamente Carlos do Carmo presidente do Campesino Futebol Clube, o grande anfitrião/organizador desta festa. Carlos do Carmo, ele próprio filho de emigrantes, tendo estado em França largos anos, reconhece bem a importância de uma efeméride que nasceu "como uma homenagem aos emigrantes portugueses".
É importante recuar na história da zona que conta que, à semelhança do que aconteceu um pouco por todo o país, nos anos 60/70 o Baixo Guadiana [Alcoutim, Castro Marim e VRSA] conheceu forte emigração. Os destinos foram Alemanha e França. Muitos portugueses já regressaram, sendo que a grande maioria das famílias daquela localidade tem histórias de partida para contar.
Para celebrar essas vidas "de coragem e necessidade" o Campesino mantém a sua festa que se traduz num cariz popular, com música, dança e muito convívio. A ela afluem emigrantes de todo o Algarve e resto do país. "Está para continuar", garante Carlos do Carmo que apesar de ver reduzido o número de emigrantes no certame sabe que "este é um importante ponto de encontro".
E passados 16 anos de tradição há coisas que nunca mudam. Desde logo o staff empenhado, a confraternização que se prolonga por três dias inteiros, o almoço-convívio que, a par do concerto na noite de sábado, é um dos grandes momentos.
Mas "infelizmente a crise chega a tudo" e este ano, mais do que nunca, os patrocínios fugiram desta folia. A organização teve de utilizar uma maior engenharia financeira, mas não deixou de apresentar um nome sonante da música popular neste caso brasileira: «Miguel e André».
Entretanto, há quatro anos que a Associação de Golfe do Baixo Guadiana realiza no âmbito desta festa um torneio. Vai ter lugar no próximo dia 14 de Agosto. "Para nós estas parcerias são muito importantes e revitalizam uma festa que também assim se reiventa", remata o presidente do Campesino que nos fala de um Monte Francisco mais alegre em Agosto na companhia dos emigrantes da terra.
Na realidade, a «Festa do Emigrante» do Monte Francisco é, antes de mais, a tradução de um encontro que todos os anos alegremente se repete pelo nosso país.
Hoje, apesar de a realidade ser diferente, há muitos portugueses a procurarem a sua sorte noutros países. A emigração por uma vida melhor está-nos, afinal, no sangue.
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