Mais de 60 portugueses estão a trabalhar em Angola sem possuírem documentos, depois de, em Janeiro, os seus passaportes e vistos terem desaparecido dos Serviços de Migração e Estrangeiros.
Segundo relatou a TSF as empresas para as quais laboram os
trabalhadores em causa estão a tentar, há mais de sete meses, que as
autoridades angolanas resolvam o problema, uma vez que os documentos acabaram
por desaparecer já depois de todos os pedidos terem sido entregues e as
respectivas taxas terem sido pagas.
Agora, enquanto as autoridades angolanas justificam o caso com o facto de o
Serviço de Migração e Estrangeiros ter mudado de instalações, os trabalhadores
portugueses alertam para o facto de estarem sujeitos a detenção por parte do
Departamento de Emigração e Fronteiras de Angola.
Os portugueses, na sua maioria operários e quadros superiores, têm recorrido à
polícia local, argumentando que perderam os respectivos passaportes. A polícia,
por sua vez, passa-lhes um salvo-conduto, documento que, no entanto, apenas é
válido por alguns dias e para algumas ocasiões. A posse do salvo-conduto não
permite que o seu portador possa viajar.
Para evitarem problemas maiores, muitos dos lesados já optaram por viver nos
locais de trabalho. Existe, no entanto, um outro problema acrescido. É que
muitos dos trabalhadores até já viram caducar os respectivos contratos com as
empresas portuguesas e só ainda não regressaram a Portugal porque não têm
passaporte.
O problema dos passaportes, ainda segundo a TSF, tem originado diversos atritos
entre Portugal e Angola, onde actualmente se estima que estejam a trabalhar
mais de 60 mil cidadãos nacionais. As negociações entre os dois países duram
desde 2005 mas, até ao momento, ainda não foi possível chegar a um acordo para
resolver as dificuldades relativas à obtenção e renovação dos vistos.
Quando, na próxima semana, o presidente da república, Cavaco Silva se deslocar
a Angola em visita de
Estado, o problema deverá ser novamente abordado.
A TSF lembra ainda que tentou obter um comentário sobre a situação junto do
Ministério dos Negócios Estrangeiros de onde, no entanto, não veio qualquer
explicação, mas apenas a lembrança de que os consulados portugueses mantém
disponibilidade para ajudarem todos os cidadãos nacionais que a eles recorram.
Público, aqui.