por Cláudia Garcia,
Porta-voz da polícia lamenta o sucedido e considera "inaceitável" a atitude de reencaminhar a mensagem. Estão dois inquéritos a decorrer
O email de conteúdo xenófobo contra os milhares de
portugueses residentes no Luxemburgo "que não partiu da polícia" mas
foi "um elemento da polícia" que o fez circular está a ser
investigado por dois inquéritos paralelos. E o porta-voz da Grand-Ducale, Vic
Reuter, garantiu ao i que é "claro que haverá consequências"
para a pessoa que teve esta "atitude inaceitável".
"Quando se recebe um email destes é claro que não se pode reenviar, mas
simplesmente apagar. É inaceitável a polícia ter feito circular esta
mensagem", diz Reuter. No entanto, o porta-voz da Grand-Ducale frisou que
"este é um caso isolado" e que as relações entre a polícia e a
comunidade portuguesa "sempre foram boas". Um dos inquéritos a
decorrer partiu do Ministério do Interior, responsável pela tutela da
Grand-Ducale, após o requerimento apresentado pelo deputado Camille Gira no
Parlamento. O segundo inquérito pertence ao campo jurídico e envolve a
investigação do Ministério Público.
Questionado sobre as acusações que alguns emigrantes portugueses fazem sobre o
"comportamento desagradável de alguns polícias" em diversas ocasiões,
Reuter responde: "Temos feito um esforço para nos aproximar-mos cada vez
mais da comunidade portuguesa - que é mais expressiva a seguir à própria
luxemburguesa. Temos entre outros elementos um porta-voz português na
Grand-Ducale e muitos outros interessados em construírem a sua carreira
connosco, aos quais damos todo o apoio."
O deputado do Partido Socialista no circulo europeu está ocorrente da situação
e acredita que este seja "um caso isolado", entre "alguns"
que acontecem "noutros países com os emigrantes portugueses e são
resolvidos pelo entendimento entre o Estado e as autoridades locais."
Pisco disse ao i que ainda não obteve qualquer resposta à carta que
enviou ao embaixador do Luxemburgo em Lisboa, notificando a
sua"indignação" perante o conteúdo da mensagem divulgada. Contudo,
admite que "este assunto" se irá resolver gradualmente: "É
preciso ter calma e compreender que estes processos diplomáticos levam o seu tempo."
O deputado alerta: "A comunidade portuguesa deve fazer sentir que este
email nunca deveria ter acontecido. No entanto, defende que não se deve
"empolar" esta caso, "por uma razão muito simples":
"Os portugueses estão bem integrados e entrosados em todos os
níveis."
O presidente do Grupo Parlamentar do PSD, Miguel Macedo, manifestou o
descontentamento social democrata perante o teor do email, citado pela Lusa,
que considera "claramente atentório para a imagem de Portugal e da sua
comunidade residente naquele país". O i contactou o Secretário de
Estado das Comunidades, António Braga, mas não obteve resposta. Fonte oficial
do gabinete afirmou "que não há nada a dizer sobre esta situação". E
que "importa apenas realçar que a comunidade portuguesa no Luxemburgo é respeitada
e está totalmente integrada". Também o conselheiro da comunidade
portuguesa no Luxemburgo, Eduardo Dias, desvalorizou o conteúdo do email que
"não reflecte" a relação entre as duas nacionalidades.
Festa portuguesa incomoda A vitória expressiva da selecção
sobre a Coreia do Norte levou os portugueses para as ruas do centro de
Luxemburgo. "E a polícia não gostou muito", conta o presidente do
site informativo da comunidade, Ricardo Silva. "Acabei de receber um
telefonema do fotografo do site que estava a tirar algumas fotografias da festa
a contar que um polícia o obrigou a apagar quase todas as fotos." De
acordo com Ricardo Silva, algumas fotos "mostravam o polícia a multar um
emigrante português no meio do trânsito". Vic Reuter garantiu que "desconhece"
esta situação e adianta que qualquer "cidadão desagradado com a
"atitude da polícia" pode fazer uma denuncia. "De momento não
pensamos apresentar queixa, porque o fotografo não se quer envolver",
responde Ricardo Silva.
Jorna i, aqui.