O livro "A Décima Sétima Freguesia", de João Carlos Costa, será apresentado no dia 15 de Maio, às 18.30h, no Salão Nobre da Câmara Municipal das Caldas da Rainha.
Lançado nos Estados Unidos na ocasião do 27º aniversário da Associação Regional Caldense (ARC), o livro aborda de forma sucinta a temática da diáspora portuguesa, da Emigração mas também (e em particular), a aventura dos caldenses que na América nunca esqueceram a sua terra.
O livro conta ainda com testemunhos dos fundadores desta associação, que recebeu o título de "Décima sétima freguesia" pelo peso que tem tido junto dos cerca de cinco mil emigrantes caldenses que vivem na América (recorde-se que as Caldas da Rainha tem dezasseis freguesias).
Inicialmente concebido para marcar os vinte e cinco anos da ARC, a obra tornou-se num trabalho que galvanizou sócios e até outras instituições à volta do espírito caldense.
Na cerimónia de apresentação do livro, que está integrada nas festividades do dia da cidade das Caldas da rainha, estarão presentes vários elementos da ARC, que fizeram questão de se deslocar de propósito a Portugal para o efeito.
A iniciativa é aberta à população em geral.
"A Décima Sétima Freguesia" é a primeira obra de João Carlos Costa, que se encontra a escrever um livro de aventuras infanto-juvenil, cujo enredo decorre em Óbidos.
Excerto do livro
"Nasceu em Portugal numa altura em que viver bem era só para alguns e até sonhar não era para todos. Cresceu no seio de uma família sem grandes recursos, mas que desde cedo lhe transmitiu algo de valioso: uma formação pessoal elevada.
Em criança tinha sonhos maiores que ele, mas já mostrava estar disposto a correr para os alcançar. Em jovem já sabia claramente que queria caminhar mais depressa, mas a sua condição limitava-lhe o passo. Habituado a trabalhar desde tenra idade, nunca se assustou com as tarefas difíceis, mas afligia-o não poder proporcionar aos seus o conforto que em seu entender tinha de lhes dar.
Tal como o poeta, não sabia exactamente o seu rumo, mas sabia que não era por ali que iria ir. Notícias de outros lugares onde era possível alcançar uma vida melhor, eram constantes e no dia em que a oportunidade se mostrou, ele agarrou-a com todo o seu ser e partiu.
Partir mesmo quando se tem pouco, é arriscar-se a perder tudo, mas ele não hesitou.
Viajar para longe do lugar onde se nasceu, deixar aqueles de quem gostamos e com quem nos preocupamos, mesmo que seja por eles, é fazer-se um pacto com a nossa alma e prometer-lhe um dia voltar em troca da força que é precisa na hora de partir.
Quando chegou, longe de tudo, aquele lugar onde até os homens falavam outra língua, mesmo que olhasse para trás, só veria o mar.
Longe de casa, sem casa, estranho num lugar estranho, teve dificuldade em acostumar-se à ideia que era ali que agora ia viver, a adaptação foi um desafio.
Fez de cada dia um pilar para construir a sua presença. Aceitou tudo, até o que nunca imaginou. Hoje orgulha-se de ter atingido o «sonho americano» que conquistou à custa de muitos pesadelos.
Tinha prometido a si próprio ir até ao inferno se fosse necessário e por isso comeu o pão que o Diabo amassou!"
Jornal das Caldas, aqui.