Uma média de vinte
portugueses estão a inscrever-se diariamente no consulado de Lyon, em França,
fugindo ao desemprego em Portugal, declarou hoje o presidente da Federação das
Associações Portuguesas de Rhône-Alpes, Manuel Cardia Lima.
"O que estamos a sentir na nossa região hoje é que estão a chegar muitos
portugueses", disse Cardia Lima à Agência Lusa, durante a visita dos
membros da direcção da federação portuguesa em França à Assembleia
da República, a convite do deputado Carlos Gonçalves (PSD), eleito pela
Emigração pelo círculo da Europa.
Cardia Lima, ex-conselheiro das Comunidades Portuguesas, indicou que o cônsul
geral de Lyon, António Barroso, "está a fazer diariamente umas vinte inscrições
de portugueses que acabaram de chegar, todos perderam o emprego em
Portugal".
"Falámos com as pessoas, estas perderam o emprego e vão para França
procurar alguma coisa melhor. Penso que este problema é um bocado preocupante.
Assim como estão a chegar na nossa região, devem estar a chegar a outras
regiões de França também", salientou o presidente da federação de
associações.
Cardia Lima salientou que a França também enfrenta problemas de desemprego e os
jovens luso-descendentes, "que são médicos, directores de empresa,
advogados, sentem um pouco esta situação".
O presidente disse que, no geral, não há grandes problemas na comunidade
portuguesa em Lyon, mas destacou a questão do ensino da língua portuguesa -
falta de professores e colocações tardias - e a falta de apoio ao empresariado
português em
França.
"Os empresários portugueses em França não têm apoio
nenhum do Governo, não há estruturas a que se possa recorrer. Um empresário que
queira estar em Portugal tem que se dirigir, por exemplo, à câmara de comércio
francesa. Agora foi criado em Lyon um clube de empresários, Business Club
Portugal, que está a dar um certo apoio", salientou Cardia Lima.
Por seu lado, o deputado Carlos Gonçalves defendeu uma política "virada
para os empresários portugueses no estrangeiro ou empresários de origem
portuguesa implantados em países de grande peso económico, que poderiam ter um
papel preponderante no investimento em Portugal mas, sobretudo, ajudando na
internacionalização das empresas portuguesas".
"Entretanto, nós continuamos virados, muitas vezes, para o apoio às
grandes empresas portuguesas e esquecemos o tecido empresarial no estrangeiro
que deveria ser acarinhado e sobretudo sensibilizado para o investimento no
país", disse ainda o deputado, acrescentando que o apoio do Governo
português seria mais para a orientação e o estabelecimento de contactos do que
propriamente ajuda financeira.
O primeiro-ministro deverá reunir-se sexta-feira, em Paris, com o presidente
francês, Nicolas Sarkozy, por ocasião do encontro de alto nível entre os dois
Governos e antes da cimeira de líderes da zona euro, em Bruxelas.
Paralelamente à cimeira, acontecerá o III Fórum dos Empresários e Dirigentes
Portugueses e Luso-Descendentes de França", que terá como temas centrais
as energias renováveis, a mobilidade eléctrica, a tecnologia informática e as
indústrias agroindustriais.
Cardia Lima avalia que a visita de José Sócrates "será boa para Portugal, mas
também para os empresários que estão lá (em França)".
A Federação das Associações Portuguesas de Rhône-Alpes é composta por 26
associações, trabalhando e ajudando outras 40 entidades em outras regiões do
país.
Fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidades recordou que "será
lançado em breve o primeiro programa NetInvest, que prevê a criação de uma rede
de contacto entre empresários portugueses e de apoio efectivo ao investimento,
exclusivamente vocacionado para o tecido empresarial dos portugueses no
estrangeiro".
O NetInvest será dotado de uma verba de quatro milhões de euros, no âmbito do
Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).
Notícias Lusófonas, aqui.