"É preciso que a comunidade portuguesa nos EUA tenha maior
visibilidade, maior importância nos assuntos internos dos EUA, e isso leva a
que seja necessário convencer os portugueses que em princípio vão continuar a
viver nos Estados Unidos a adquirirem a nacionalidade americana sem que por
isso percam os vínculos que os ligam à mãe-pátria originária", alertou o
presidente do conselho executivo da FLAD, numa entrevista à Lusa.
Para Rui Machete, que abandonou o cargo no dia30 de Abril, a abordagem implica
novos estilos de comportamento.
"Os portugueses nos EUA investiram pouco, ou muito pouco, na educação dos seus
filhos. Agora está a mudar, é já é frequente que os descendentes dos
portugueses radicados nos Estados Unidos sigam para as universidades. Na sua
esmagadora maioria ainda não vão para universidades de primeira, porque são
muito caras, mas também já existe uma participação maior de estudantes
portugueses nessas universidades de topo", afirmou.
Portugal "pouco visível"
Convencer os imigrantes "e os seus filhos e netos que já são americanos" a votarem
nas diversas eleições é outras das preocupações expressas por Rui Machete, e
que motivou iniciativas da FLAD junto das comunidades. No entanto, a imagem de
Portugal nos Estados Unidos permanece "muito pouco visível", à excepção de
alguns casos específicos.
"Em muitos estados esse percepção praticamente não existe. As pessoas ignoram
pura e simplesmente a existência de Portugal. Isso não acontece nas zonas onde
há um número significativo de portugueses ou luso-descendentes, que é o caso da
Nova Inglaterra, Massachusetts, Rhode Island, Connecticut, em algumas áreas de
New Jersey e na Califórnia. Já é alguma coisa, mas no conjunto dos EUA Portugal
é relativamente pouco conhecido", precisa.
Rui Machete aponta para "cerca de um milhão" o número de portugueses e
luso-descendentes que vivem nos EUA, com base em diversos estudos, nem sempre
coincidentes.
E reconhece a necessidade de mais incentivos, incluindo entre os "poucos"
membros do Congresso de origem luso-americana. "O que a FLAD gasta nos EUA é
relativamente modesto, não ultrapassa um milhão de euros por ano, por isso é
necessário equacionar bem as conjunções, alianças, e levar as pessoas a
colaborar", enfatiza.
Na perspectiva das relações transatlânticas, Rui Machete manifesta optimismo,
no rescaldo das "turbulências" registadas durante a administração de George W.
Bush. "Essa turbulência atingiu a opinião pública portuguesa no sentido em que
houve uma crítica, em muitos casos válida, em relação a uma política que
actualmente o Presidente Obama tem modificado.
Quando foi a eleição do Obama, a imagem dos EUA, que era relativamente negativa
entre os países ocidentais e asiáticos, mesmos nos mais favoráveis aos Estados
Unidos, mudou radicalmente para melhor", conclui.
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