Por Nuno Ribeiro, em Andorra
Andorra prometeu ao Presidente da República mudar o ensino
do português no território. Um dado positivo, no dia de ontem, durante o qual
Cavaco Silva contactou com a comunidade portuguesa em actos com boa presença de
emigrantes.
O ensino do português, que representa uma sobrecarga para os 618 alunos que
recebem as aulas fora do horário curricular, passará a ser considerada como
língua estrangeira de opção. O Governo de Andorra vai estudar a proposta
apresentada por Lisboa, uma solução idêntica à do Luxemburgo, país que, apesar
de ter três sistemas de ensino, integrou o português no currículo como idioma
estrangeiro de opção. Aliás, o presidente do executivo andorrano, referiu a
Cavaco que os seus dois filhos aprendem português.
Quando Cavaco Silva anunciou aos emigrantes esta porta de solução, ecoaram
aplausos no pavilhão onde, durante a tarde, o Presidente da República teve o
primeiro contacto com a comunidade. Numa sala com cerca de 1300 pessoas, 370
alunos cantaram o hino nacional e deveriam ter entoado três canções: Pelos
caminhos de Portugal, a mais aplaudida, Conquistador, dos Davinci, e
Inventor dos Heróis do Mar. Funcionou o playback e algumas vozes
uniram-se aos estribilhos.
O vira soou nas exibições de três ranchos folclóricos de Andorra, e Cavaco teve
de virar e virar, entre os cumprimentos aos seus elementos, e a exposição de
trabalhos infantis sobre Portugal. Com muitos "vivas" desenhados e um
saboroso "Portugal, biba". Como autênticos eram os trajes minhotos a
que a paixão clubista juntou o símbolo bordado do Benfica.
Num encontro com empresários portugueses, Cavaco Silva ouviu boas notícias: se
alguns saíram, mantêm-se em Andorra 240 empresas de portugueses, e a comunidade
"não foi muito atingida". Na reunião, participou o ministro da
Economia andorrano, prova da importância que o seu Governo dá aos negócios da
comunidade portuguesa.
Do apreço das autoridades pela integração dos portugueses em Andorra falou Cavaco
na recepção da noite. Também da solidariedade manifestada em Novembro pelo
acidente no túnel de Dos Vallires, que provocou a morte de cinco portugueses.
E, ainda, da abnegação vivida em Andorra e, agora, na Madeira. Características
que o Presidente destacou num discurso formal, pela presença do co-príncipe de
Urgell e do representante do co-príncipe Nicolas Sarkozy.
"Com o vosso empenho será possível ultrapassar as dificuldades deste
momento adverso", disse Cavaco Silva aos emigrantes. "As nossas
comunidades no estrangeiro são fundamentais para projectar a imagem do nosso
país", prosseguiu. E concluiu com a promessa de tudo fazer para aumentar a
participação cívica e política dos emigrantes, uma referência ao veto de Belém
à exigência de voto presencial aos emigrantes para as legislativas.
Público, aqui.