O presidente da Jovem Câmara Económica do Luxemburgo
(JCI-Luxemburgo), Pedro Castilho, interviu no final do congresso da CCPL,
lançando o repto aos presentes para que "se querem que as coisas mudem,
mudem-nas".
"Não tenho aqui a minha caneta comigo.... vocês têm a vossa? Então, façam
um jogo comigo. Façam uma cruz no papel à vossa frente", pediu Pedro
Castilho à assistência, no que muitos presentes cumpriram. "Já fizeram
essa cruz? Agora, quero pedir-lhes para que repitam esse gesto em Outubro do
próximo ano".
"Não acredito na vitimização, mas na acção. Estou aqui perante vós, hoje,
para que se inscrevam, para que participem nas próximas eleições autárquicas
luxemburguesas em Outubro de 2011. Se querem que as coisas mudem, é preciso que
saibam que podem mudá-las", disse em jeito de conclusão o jovem dirigente
da JCI-Luxemburgo.
Discursaram ainda na conclusão dos trabalhos do VII Congresso da CCPL: a
presidente da ASTI, Laura Zuccoli, que começou por se dirigir aos congressistas
em português;
Furio Berardi, presidente do CLAE; o presidente do sindicato
OGB-L, Jean-Claude Reding, entre outros.
"Integração bem sucedida passa por uma aposta na educação das crianças
imigrantes"
"A integração de uma comunidade pode ser bem sucedida se apostarmos na
educação das crianças imigrantes. Portugal é não só um país de emigração mas
também de imigração e nesse campo temos aprendido muito nos últimos anos",
começou por dizer na sua intervenção o deputado Carlos Gonçalves (PSD), eleito
pelo Círculo da Europa para a Assembleia da República.
Carlos Gonçalves salientou ainda "a importância fundamental" de os
portugueses participarem na vida cívica e política do seu país de acolhimento,
neste caso, o Luxemburgo.
O deputado disse ainda acreditar que "é preciso fazer mais entre
parlamentos dos dois países" (Portugal e Luxemburgo) para discutir e fazer
avançar a discussão em torno das questões que dizem respeito à comunidade lusa
no Grão-Ducado.
"O programa de acção da CCPL mais parece
um programa de Governo"
E concluiu com um elogio à CCPL, numa crítica nada disfarçada ao actual
Executivo português.
"O vosso plano de acção hoje aqui apresentado mais parecia um programa do
Governo português para as comunidades, que é algo que, lamentavelmente, não
existe", disse, numa conclusão igualmente muito aplaudida pela
assistência.
Seguiram-se as seguintes intervenções: Marc Angel, do partido socialista
luxemburguês (LSAP); Mil Majerus, do partido cristão-social (CSV); Marc Hayot,
representante do OLAI, o "Office Luxembourgeois d'Accueil et
Intégration"; Marguerite Krier, em representação do
Ministério da Educação luxemburguês; o embaixador de Portugal
no Luxemburgo, José Pessanha Viegas.
Na sua intervenção, o embaixador começou por dizer que a presença de tantos e
ilustres convidados e representantes das autoridades portuguesas e
luxemburguesas neste congresso prova bem a importância que estes dão à
comunidade lusa do Grão-Ducado, "que segundo as últimas estimativas chega
já perto das 90 mil pessoas, ou seja, constituem já cerca de 17% da população
do Luxemburgo".
"A comunidade portuguesa no Grão-Ducado atingiu uma maturidade que lhe
permite hoje participar na vida cívica e política do Luxemburgo",
considerou o diplomata.
O embaixador evocou ainda os problemas existentes actualmente no Consulado de
Portugal no Luxemburgo, que derivam da falta de pessoal, disse,
"mas", ressalvou, "a situação vai mudar em breve, já que um
concurso foi aberto para admissão de novos funcionários".
"O tempo é de acção e de unidade"
"O tempo é de acção, como já aqui ouvi dizer, mas também é de unidade.
Estou aqui, em
representação do Estado português, e quero assegurar-vos que
estou no Luxemburgo para vos servir e para ajudar a comunidade
portuguesa", concluiu Pessanha Viegas.
O último dos convidados a falar foi o ministro luxemburguês do Trabalho e da
Imigração, Nicolas Schmit, que disse ter escutado "muito atentamente cada
intervenção".
Evocando uma imigração portuguesa já com quase meio-século no Luxemburgo, o
ministro disse que "longe vão esses tempos".
"Hoje construímos juntos a Europa, com um tratado que tem o nome de
Lisboa, de onde partiram os navegadores que foram descobrindo esse mundo.
Espero que isso seja um bom sinal para esta Europa em construção", disse.
"Hoje há nomes de consonância portuguesa em todos os sectores de actividade
do país, desde a diplomacia ao parlamento luxemburguês", recordou o
ministro, afirmando que é preciso continuar nesse sentido em matéria de
integração.
"O crescimento e o desenvolvimento da nossa economia também a devemos aos
imigrantes. Toda a integração começa pelo trabalho. O desemprego é a
desintegração social. E quem vos diz isto sou eu, como ministro
doTrabalho".
O ministro admitiu igualmente que existe um problema com muitos alunos
portugueses que não conseguem adaptar-se ao sistema de ensino luxemburguês,
"que foi concebido quando a maioria das crianças eram de língua materna
luxemburguesa".
"Este congresso releva da cidadania
activa"
"Vocês têm razão em pedir mais cidadania. A cidadania não pode ser
decretada, constrói-se, adquire-se, reclama-se. O que vocês fizeram hoje aqui,
este congresso, é uma cidadania activa, participativa. Adiram aos partidos
políticos, aos sindicatos, participem na vida política", apelou Nicolas
Schmit.
O ministro apelou também para que o maior número possível de portugueses adiram
à dupla nacionalidade, já que a lei luxemburguesa lhe permite naturalizarem-se
luxemburgueses sem perda da nacionalidade de origem. "Esse é um bom
caminho para uma maior integração e participação".
O detentor da pasta da Imigração pediu ainda aos presentes para fazerem passar
a mensagem, para que o maior número de pessoas participem nas próximas eleições
muncipais luxemburguesas, marcadas para Outubro de 2011.
"Só assim podemos lutar melhor contra as discriminações e construir um Luxemburgo
melhor", concluiu.
JLC
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