"No congresso vão ser debatidos problemas que estão em
agenda, ou seja, as questões ligadas sobretudo à educação, à participação
cívica, ao reconhecimento e à cidadania", disse hoje à Lusa o presidente
da CCPL, Coimbra de Matos.
O responsável sublinhou que a cidadania será o "ponto forte" do
debate porque é importante que "a partir do momento em que somos
considerados cidadãos da Europa, sejamos reconhecidos como tal".
"O que é necessário é que os Estados, tanto de acolhimento como de origem,
tenham em consideração que somos cidadãos e não podemos continuar a ser
considerados estrangeiros aqui nem emigrantes em Portugal", afirmou.
Para Coimbra de Matos, esta é uma "questão de princípio" porque
"a partir do momento em que este reconhecimento de cidadania se processar
a todos os níveis, as pessoas terão autoestima muito maior e poderão passar a
ser cidadãos melhores".
O secretário geral da CCPL considerou que os direitos de cidadania estão a ser
negados a muitos portugueses no estrangeiro e dá como exemplo o recenseamento
eleitoral.
"É fácil dizer que as pessoas têm direito de voto, mas depois exige-se um
certo número de situações administrativas em que é necessário tratar de
papelada e mais papelada e as pessoas deixam de se interessar. As pessoas
deviam estar automaticamente inscritas para votar", defendeu.
"A questão da nacionalidade foi uma batalha durante muitos anos,
conseguiu-se mas agora há outras barreiras. Tem de se fazer cursos. Há pessoas
que estão aqui há 20 anos e não têm direito à dupla nacionalidade. São
barreiras que se impõem, que não são facilitadoras", acrescentou.
A educação é outros dos temas em destaque porque "um terço dos alunos de
origem portuguesa sai da escola sem diploma".
"Isso é muito grave", sublinhou o dirigente associativo, afirmando
que há dois fatores que contribuem para esses números: pais para quem a escola
não é sinónimo de progresso e o sistema escolar luxemburguês que "é
complicado e leva ao abandono precoce da escola".
Coimbra de Matos disse ainda que continuam a chegar portugueses ao Luxemburgo
"todos os dias", mas que não há emprego para a maioria.
"Fala-se em 15 mil desempregados. Um terço dos desempregados no Luxemburgo
são portugueses", indicou. Segundo o presidente da CCPL, muitos dos
portugueses que chegam ao Luxemburgo não encontram trabalho e acabam por
regressar a Portugal, mas ninguém sabe quantos são, quantos ficam e quantos
regressam.
"As autoridades portuguesas não querem aceitar este problema e da parte
luxemburguesa também não lhes interessa que se conheça esses dados. Ninguém
quer divulgar números", afirmou.
O VII Congresso da CCPL realiza-se domingo no Centro Cultural de Cessange, na
cidade do Luxemburgo, e conta com a presença dos deputados do PS e do PSD pela
Europa, Paulo Pisco e Carlos Gonçalves, respetivamente.
Fundada em junho de 1991, integravam a CCPL no último congresso 68 associações
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