Histórias de emigração, reveladas na visita a seis casas de emigrantes numa aldeia do Minho são o enredo de «A casa que eu quero», um filme de Joana Frazão e Raquel Marques que foi visionado ontem, em antestreia, Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.
Os testemunhos foram recolhidos na pequena aldeia de Vascões, em Paredes de Coura, durante um Verão de Agosto, por tradição o mês de férias e dos regressos temporários dos emigrantes à sua terra e às casas que permanecem desabitadas durante o resto do ano. "Dando voz às personagens dos proprietários das seis moradias construídas para cumprir os seus sonhos, «A casa que eu quero» filma esta realidade, através dela propondo um retrato da emigração portuguesa", refere uma informação da Cinemateca.
Joana Frazão explicou à Agência Lusa que o filme resulta das visitas que as realizadoras fizeram às casas, guiadas pelos próprios proprietários. "À medida que nos iam mostrando cada compartimento, iam desfiando memórias do tempo passado no estrangeiro', recordou.
A realizadora acrescentou que aquelas casas "são teto de muitas estórias", ligadas à emigração, como, por exemplo, a do marido que foi «a salto» para França.
Com 65 minutos de duração, o documentário mostra a casa fechada onde se pode brincar, as janelas que se abrem, a casa de pedra, um vestido de noiva, as plantas de que ninguém cuida durante meses, cabras, porcos e cavalos, os dias de chuva ou a piscina sem ser usada. "Os proprietários abrem-nos as portas da sua casa e, ao mesmo tempo, abrem-nos também o seu livro de memórias", refere Joana Frazão.
As realizadoras do documentário frisam que não se trata propriamente de um estudo do habitat introduzido por emigrantes numa aldeia do Alto Minho, mas antes, a pretexto da amostragem das casas, uma reflexão sobre o fenómeno da emigração.
'Faz todo o sentido pegar no tema da emigração pelas casas, porque, na realidade, a construção de uma habitação própria é, quase sempre, o primeiro motivo que levava e continua a levar os portugueses a ir trabalhar para o estrangeiro', referiu Joana Frazão.
A estreia de «A casa que eu quero» ainda não tem data marcada, mas os realizadores consideram que "será muito complicado" introduzir o filme nos circuitos comerciais. Vão, por isso, apostar em festivais e na televisão.
Primeira exibição na Cinemateca Portuguesa.
Mundo Português, aqui.