Espanha chegou a ter 90 mil portugueses a trabalhar na construção
civil, mas a ameaça do desemprego levou cerca de 80 por cento a procurar outros
destinos, com salários ainda mais atractivos, segundo o líder do sindicato
português do sector.
Angola, Bélgica, França, Noruega, Holanda e Suíça são alguns dos países que
estão a acolher trabalhadores portugueses que saíram de Espanha devido à
recessão na indústria da construção, disse à Lusa Albano Ribeiro.
"Os trabalhadores que perderam o emprego em Espanha dificilmente voltam a
Portugal", acrescentou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da
Construção, Madeiras, Mármores, Pedreiras, Cerâmica e Materiais de Construção
de Portugal.
A justificação reside nos elevados ordenados que os operários qualificados de
1ª podem auferir em
países como França (2.500 euros) ou Angola (três mil euros),
comparativamente aos 539 euros da tabela portuguesa, e acima dos 1700 euros
pagos, em média, em
Espanha.
"Nos últimos cinco anos chegámos a ter, no pico, cerca de 90
mil trabalhadores portugueses em Espanha. Agora temos cerca de 30 mil", disse o
líder sindical.
Albano Ribeiro salientou que os portugueses "não têm tido dificuldade em
encontrar trabalho" no sector da construção, adiantando que o governo francês
lançou um ambicioso programa de requalificação urbana e os belgas estão
empenhados em promover as obras públicas.
O sindicalista lembrou que estes trabalhadores não encontram oportunidades de
trabalho em Portugal, onde a "construção residencial bateu no fundo", mas
admite que o lançamento de grandes infra-estruturas públicas possa criar 15 a 20 mil novos postos de
trabalho.
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