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Desemprego leva cada vez mais portugueses a emigrar
2010-02-02
O Conselho das Comunidades Portuguesas afirma que é preciso recuar aos anos 1960 para encontrar uma vaga de emigração semelhante.

O Conselho das Comunidades Portuguesas destacou, esta terça-feira, o aumento do número de portugueses a partir para o estrangeiro em busca de emprego. Apesar de não existirem números oficiais, o Conselho das Comunidades explicou que são sobretudo jovens quadros técnicos que têm vindo a abandonar o país.

O presidente da Comissão Especializada de Fluxos Migratórios do Conselho das Comunidades Portuguesas, Manuel Beja, contou à TSF que a situação actual só é comparável ao aumento da emigração registado na década de 1960 e acrescenta que, ao contrário do que aconteceu há 50 anos, agora são os mais preparados que estão a abandonar o país.

«O fenómeno dos quadros, com a intensidade com que se está a desenvolver, é algo único nesta fase de saída de portugueses para a emigração. Há muitas organizações não-governamentais que indicam que Portugal nunca traçou uma fase de tão elevado número de saídas. Esta fase é em tudo semelhante aos finais da década de 1960, a época da chamada "mala de cartão". São desempregados que têm esperança de encontrar um posto de trabalho noutros países, sendo muitos deles quadros técnicos e científicos», explicou Manuel Beja.

Manuel Beja notou ainda uma mudança nos destinos da emigração, esclarecendo que são cada vez mais os portugueses a partir para a Ásia e para o continente africano.

«Temos experiências obtidas junto de emigrações sobretudo no norte de África, como no Dubai, na Argélia, novos destinos de emigração. Em Angola, por exemplo, há 100 mil novos emigrantes que foram para lá trabalhar. Há um aumento das saídas do país, muito provocado pelo desemprego, o que quer dizer que algo vai mal», alertou.

O director da Obra Católica das Migrações, Francisco Sales, confirmou à TSF o aumento dos portugueses que têm vindo a procurar trabalho no estrangeiro e considerou que esta nova vaga acaba por resultar num «alívio interno», que impede a taxa de desemprego de ser muito maior.

«A realidade é que estes que saem não são contabilizados. Se não houvesse a emigração, se os portugueses não saíssem, a taxa de desemprego seria uma coisa astronómica», explicou.

A TSF tentou obter números exactos sobre os valores da emigração nos últimos anos, mas a secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas informou que não dispõe dessas informações e o Instituto Nacional de Estatística deixou de cuidar desse levantamento desde 2003.

TSF, aqui.

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