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“Há emigrantes que estão a ser enganados”
2009-12-23
Alerta surge na voz de um luso-descendente que é membro de uma associação. Autoridades já estão a par das burlas que portugueses aplicam a novos emigrantes

VÁRIOS portugueses recentemente emigrados para França têm estado a ser vítimas de burlas aplicadas por outros portugueses que residem em França há vários anos. O esquema pode render várias centenas de euros e lesa não só os portugueses, como a própria segurança social em França. O caso já foi denunciado às autoridades francesas (JF teve acesso à participação de queixa) que estarão a proceder a uma investigação exaustiva. Além disso, os responsáveis pelos Consulados de Portugal em França e vice-versa também já foram avisados em relação ao sucedido e terão sido eles próprios a aconselhar que os casos fossem denunciados de modo a evitar mais situações.

Na região do Fundão é o luso-descente Paulo Jorge Gouveia Nunes, que conta a história de cinco pessoas que se cruzaram com ele já depois de terem sido enganadas por uma mulher portuguesa.

"Conheci-os porque sou membro de uma associação de solidariedade em França. Eles um dia procuraram-me no sentido de os ajudar. Nessa altura fiquei a saber que tinham sido vergonhosamente enganados por uma pessoa que tem dupla nacionalidade, e poucos pudores em enganar pessoas que só procuram uma vida melhor", refere ao JF este luso-descendente, que nos últimos tempos se tem desdobrado em contactos para ajudar estes cinco homens.

"Prometeram-lhes emprego e eles, mesmo sem conhecerem a língua francesa e sem procurarem informação, foram para lá. "Efectivamente encontraram trabalho, contudo também lhes foi apresentada uma mulher portuguesa que alegadamente os iria ajudar com todos os documentos. Era uma espécie de solicitadora que começou a trabalhar de graça, mas não tardou a pedir-lhes dinheiro por documentos que são gratuitos", diz.

"Ela chegou a pedir-lhes 500 euros para tratar do sistema de acesso aos sistemas de saúde e de segurança social em França", recorda.

Pedidos que os lesados - que por norma também passam os documentos portugueses para as mãos destas pessoas - nunca rejeitaram.

"Quando perceberam que estavam a ser enganados procuraram ajuda. Começámos a investigar e descobrimos que, além do dinheiro que já tinham entregue, também estavam a receber subsídio de desemprego que nunca tinham solicitado. Ou seja, passado o tempo limite de acesso ao subsídio, e sem que estas pessoas tivessem conhecimento, a senhora declarava-os como desempregados. Abriu uma conta que eles também desconheciam, e a que ela tem acesso, e fica a receber a verba", conta Paulo Jorge Gouveia Nunes.

Uma situação grave que implica a perda de direitos, bem como, o eventual procedimento criminal pela prática de crimes de burla e fraude aos sistemas de segurança social e saúde em França.

"Segundo conseguimos apurar há mais de 100 pessoas que recentemente foram enganadas. A polícia francesa está a investigar, mas nada garante que as vítimas (que já têm uma série de problemas) não sejam acusadas. E é por isso que eu, e outros, estamos a dar a voz no sentido de alertar todos os portugueses que queiram emigrar para que não o façam sem saberem bem ao que vão. E que contactem sempre os consulados ou as embaixadas porque lá serão devidamente acompanhados", aconselha.

Por: Catarina Canotilho

Jornal do Fundão, aqui.

 

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