Por
Vanessa Sene
Mundo Lusíada
O jornal mais antigo feito para os imigrantes portugueses em São Paulo foi lançado em 1897, intitulado Echo Portuguez. Esta publicação também faz parte da exposição "A Imprensa Imigrante em São Paulo", aberta em 14 de novembro, no Memorial do Imigrante de São Paulo, instituição ligada à Secretaria de Estado da Cultura.
Com apoio do Jornal Mundo Lusíada, a mostra reúne jornais produzidos em São Paulo por imigrantes e para imigrantes de diversas nacionalidades, numa cronologia que passa por publicações como Revista Portugal e Brasil (1908), Portugália (1947) e Portugal Democrático (1956), dentre os jornais voltado para a colônia portuguesa. A linha cronológica é encerrada com a capa especial nº 200 do Mundo Lusíada, representando os mais de 30 títulos de jornais imigrantes que até hoje circulam na cidade. "O Mundo Lusíada representa hoje a seriedade da imprensa estrangeira, por isso é um dos participantes da mostra do Memorial do Imigrante", diz o editor do jornal, Odair Sene.
De acordo com a coordenadora de projetos do Memorial do Imigrante, Soraya Moura, as comunidades tiveram ao longo de sua história no Brasil inúmeras publicações. "As comunidades tem 30, 40 publicações num período de 20 anos, isso desde o século 19. Desde que o imigrante chegou aqui, ele abriu o jornal", diz a coordenadora, depois da vasta pesquisa que a instituição fez para a realização da mostra.
"O jornal tinha uma função muito importante na comunidade, de divulgar os serviços dos patrícios, de inserir o imigrante na cidade de São Paulo, de trazer notícias do país de origem. Então o jornal foi um meio muito agregador, e de tornar a vida do imigrante mais confortável no novo mundo", diz Soraya Moura.
A imprensa portuguesa
Dentre os mais antigos jornais portugueses, é possível ver na mostra capa de um
exemplar do jornal Portugália, que cobria a vida social do Clube Português de
São Paulo e da comunidade. Alguns anos depois, o Portugal Democrático fazia
oposição ao governo de Salazar e a vida política em Portugal. Além disso, o
Portugal Ilustrado, veículo da comunidade luso-brasileira, também
está presente.
Também pode ser visto a publicação brasileira "O Mosquito", que contou com a importante participação do português Rafael Bordalo, e que revolucionou a forma de se fazer jornal, com caricatura e sátira política. Segundo os pesquisadores, a maior quantidade de publicações foi encontrada na comunidade portuguesa, com focos dos mais variados, seja focada na política, no social, revistas ilustradas e diferentes linhas editoriais.
De acordo com Soraya Moura, um dos locais descobertos por eles foi a "fantástica biblioteca" do Clube Português, que reuni raros exemplares. Além de encontrar a coleção completa do Portugal Democrático, guardado pelo Centro Cultural 25 de Abril, no Butantã em São Paulo. "A divulgação destes jornais para o grande público é muito importante porque são publicações que só um estudioso, alguém que se debruça sobre uma pesquisa mais aprofundada da comunidade, tem acesso. Isso acaba divulgando a quantidade de jornais que já existiram na comunidade portuguesa de São Paulo".
Além da exposição cronológica, a mostra traz um vídeo com imagens das principais publicações de portugueses, alemães, espanhóis, árabes, italianos, japoneses, coreanos e muitos outros. "Muitas publicações eram feitas quase que de forma artesanal antigamente. A iniciativa também é importante para mostrar que existem publicações sérias voltadas aos imigrantes", diz Odair Sene durante visita ao Memorial.
O Memorial do Imigrante, que deixaria a exposição patente até 20 de dezembro, já pretende prolongar a mostra. O Memorial fica localizado na Rua Visconde de Parnaíba, 1316 Mooca (Próximo à estação Bresser do metrô), na capital paulista.
Os mais antigos jornais portugueses:
Echo Portuguez (1897)
Gaiato (1905)
A Bandeira Portuguesa (1908)
Revista Portugal e Brasil (1908)
Revista Portuguesa (1930)
Portugália (1947)
Portugal Democrático (1956)
Mundo Lusíada, aqui.