Os portugueses representam um terço dos que pediram a naturalização ao abrigo da nova lei da nacionalidade, que permite obter a nacionalidade luxemburguesa sem renunciar à nacionalidade de origem.
Desde que a lei entrou em vigor, em 1 de Janeiro deste ano, o
Ministério da Justiça recebeu 4.299 pedidos de naturalização. Destes,
1.405 vinham de portugueses, o que corresponde a 32,7 % do total.
Uma percentagem que é sensivelmente a mesma nos pedidos deferidos, de
acordo com os números divulgados esta semana pelo Ministério da Justiça
luxemburguês. Nos últimos 10 meses, obtiveram a nacionalidade luxemburguesa 981 portugueses, o que corresponde a 31,1 % do total de pedidos deferidos (3.152).
Os portugueses são de longe os estrangeiros mais interessados em obter a nacionalidade
luxemburguesa, seguidos pelos naturais da ex-Jugoslávia (19,9 % dos
pedidos para as sete antigas Repúblicas), Itália (10,3 %) e Alemanha
(8,6 %). Aqui ao lado, os franceses fizeram 322 pedidos (7,5 %), e os
belgas 237 (5,5 %).
Os cabo-verdianos deram entrada a 58 requerimentos de naturalização. Destes, 51 foram deferidos.
Homens e mulheres estão quase igualmente representados: do total de
3.152 pedidos de naturalização deferidos, 51,6 % correspondem ao sexo
feminino e 48,4 % ao sexo masculino.
MAIORIA SÃO JOVENS
A grande maioria dos requerimentos de naturalização vêm de pessoas
entre 18 e os 27 anos (38,8 % do total) e na faixa etária dos 28 aos 37
(22,8 %).
No
cômputo geral, a esmagadora maioria dos novos luxemburgueses (61,6 %)
são jovens com idade entre os 18 e os 37 anos. O Ministério da Justiça
não tem dados específicos sobre a idade dos portugueses que requereram
a nacionalidade luxemburguesa nos últimos 10 meses, mas o responsável do Serviço da Nacionalidade do Ministério da Justiça luxemburguês garante que o perfil é o mesmo, e que a maioria são jovens.
"A grande maioria dos pedidos de naturalização são de jovens que
beneficiam da cláusula que os dispensa do exame [de Luxemburguês], por
terem frequentado a escolaridade obrigatória no país durante sete
anos", disse ao CONTACTO Jean-Laurent Redondo.
Segundo o funcionário do Ministério da Justiça, só vinte portugueses fizeram o teste de Luxemburguês para obter a dupla nacionalidade,
o que indica que a esmagadora maioria dos pedidos vem da segunda
geração de imigrantes, que já frequentaram o ensino no país (ver também
artigo na página 3).
NÚMERO DE PEDIDOS QUADRIPLICA
O número de pedidos de naturalização quadriplicou desde que a nova lei da nacionalidade
foi aprovada. De acordo com os números divulgados pelo Ministério da
Justiça, em 2.008 só entraram 1.065 requerimentos de naturalização. Em
2009, a dois meses do final do ano, já são 4.299, e o Ministério da
Justiça espera que o total venha a rondar os 5.159 pedidos em Dezembro,
segundo projecções efectuadas com base nos primeiros 10 meses do ano.
Para os portugueses, o aumento de pedidos é ainda mais flagrante. Em
2008, o Ministério da Justiça recebeu apenas 245 requerimentos de
naturalização vindos de portugueses. Este ano já vão em 1.405, quase
seis vezes mais que no ano passado.
Só este ano, os portugueses que se naturalizaram ao abrigo da nova lei
são já um terço de todos os portugueses que se naturalizaram nos
últimos 14 anos. Entre 1994 e 2008, obtiveram a nacionalidade luxemburguesa 2.778 portugueses. Este ano, já são 981.
O Parlamento luxemburguês aprovou a actual lei da nacionalidade em 15 de Outubro de 2008. O diploma, que permite obter a nacionalidade luxemburguesa sem abdicar da nacionalidade de origem, entrou em vigor a 1 de Janeiro deste ano.
Ao abrigo da lei, podem requerer a nacionalidade
luxemburguesa os candidatos que vivam no país há pelo menos sete anos e
não tenham sido condenados a uma pena superior a um ano nos últimos
quinze. O diploma exige também conhecimentos de Luxemburguês elementar
(nível A2 na expressão oral e nível B1 na compreensão , segundo a
grelha do Centro de Línguas do Luxemburgo), e os requerentes deverão
ainda frequentar três aulas de instrução cívica (não sujeitas a
avaliação final).
Estão dispensados do exame de Luxemburguês os imigrantes chegados ao
país antes de 1984, data em que o idioma se tornou oficial, e os que
frequentaram sete anos de escolaridade no Grão-Ducado.
Os dados divulgados esta semana pelo Ministério da Justiça luxemburguês
cobrem os pedidos de naturalização efectuados e deferidos durante os
primeiros 10 meses do ano.
Paula Telo Alves
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