By:Maria José
NEW BEDFORD - Há décadas que o Clube Recordações de Portugal
é um pilar da comunidade portuguesa da Cidade Baleeira.
A colectividade possui um historial rico,
repleto de paixões e recordações, desde a sua fundação há 80 anos. Mas em risco
de cair um dia no esquecimento, Álvaro Pinto escreveu um livro sobre os
principais acontecimentos e experiências do clube, ilustrado com bastante
fotografias.
"É uma alegria muito grande, não só
porque recordar é viver, e recordar o Recordacões, e sobretudo o Clube
Recordações que tem um nome tão bonito, e uma história tão bonita, portanto, eu
sinto uma alegria enorme em contribuir para o engrandecimento do Clube
Recordações de Portugal," adiantou o autor.
Cada ano é meticulosamente detalhado e
preenchido de actividades e fotos, algumas delas a preto e branco. O leitor é
levado através do tempo e guiado numa agradável viagem de saudade e de
recordações do Recordações.
O livro começa por contar como a
colectividade foi fundada.
"Constituída em Janeiro de 1924, a orquestra
Recordações de Portugal animava bailes e espectáculos da comunidade portuguesa
de New Bedford e os seus membros e respectivos familiares costumavam frequentar
a sede do Pérola do Oceano Sporting Clube pagando 15 cêntimos semanais de
quota, e daí, corria o ano de 1929, decidiram construir uma colectividade
recreativa e desportiva a que foi dada o simpático nome de Clube Recordações de
Portugal," pode ler-se.
O lançamento do livro teve lugar sábado
passado, na sede do clube, sita na Coggeshall Street. No salão, encontravam-se
muitos membros, simpatizantes e várias entidades públicas.
Lino Quadros, Presidente do Clube
Recordações, salientou que os membros estavam muito contentes com o "magnífico
trabalho" de Álvaro Pinto.
"Nós podemos agradecer a ele, que é um
imenso prazer ter pessoas como ele a fazer estes bons trabalhos. E é para poder
mostrar à comunidade e às pessoas os lindos 80 anos de história que este clube
tem," referiu Lino Quadros.
O Mayor Scott W. Lang esteve presente e
endereçou os seus parabéns ao clube pelo empreendimento apresentado da
publicação do livro.
"Ter oitenta anos de cultura, herança,
camaradagem, socialização, é algo extremamente importante para a nossa
cidade," disse. "Mostra continuidade. É algo em que os nossos filhos
podem contar. Este é um tributo tremendo e memoriza em forma de livro que pode
ser levado para casa. Eu peço a cada um de vós que o passem de geração em
geração."
O autarca também elogiou o facto do clube
abrir as suas portas a outras etnias.
"Muitas pessoas das nossa comunidades
usam este clube como a sua sede a fim de apresentar os eventos que acham ser
importantes para as suas comunidades," salientou Lang. "Gosto muito
da ideia de ter um clube aberto e disponível para a cidade de New Bedford. Eu
aprecio isso."
A Cônsul de Portugal em New Bedford, Dra.
Graça Fonseca, também felicitou o clube e o autor pelo "esforço que a sua
elaboração implicou, pelo trabalho de investigação e pesquisa da história desta
colectividade."
"É de facto no quadro de uma longa
história viva que o clube tem preservado as recordações de Portugal,"
adiantou.
Os vereadores Debora Coelho, Linda Morad,
Steven Martins e David Alves também estiveram presentes. Alves recordou como o
seu pai foi sócio fundador da colectividade.
"Eu aprendi muito aqui. Eu vinha cá
quando era pequeno e as pessoas ensinavam-me a dizer palavras em português.
Gostaria de agradecer o que o clube me ensinou," referiu.
O Deputado Estatal António F.D. Cabral
também congratulou o clube nesta data marcante.
"A dedicação e trabalho que leva para
acabar este trabalho é algo que todos nós sabemos que o Clube Recordação
aprecia," realçou Cabral. "É com livros como este, uma história viva,
que os nossos filhos e os nossos netos podem vir e pegar no livro e saber
exactamente o que aconteceu em 1929, ou em 1932 ou em 2009."
Para finalizar as cerimónias, foi feito um
reconhecimento a Álvaro Pinto pela dedicação e trabalho envolvido na compilação
do livro. Sendo sócio dirigente desde que chegou aos Estados Unidos vindo de
Moçambique em 1965, Pinto foi professor nas duas escolas portugueses existentes
na cidade. Ensinava português a crianças depois de oito horas diárias de
trabalho como inspector numa fábrica de equipamento cirúrgico.
Já aposentado, iniciou agora outra cruzada:
escrever a história do sociativismo português em New Bedford. Pinto
agradeceu a todos que o ajudaram nesta compilação, inclusivamente a sua filha
Jennifer.
O Jornal, aqui.