Anaís Castrellón
Castillo
anaiscastrelloncastillo@gmail.com
"Cartografía de la saudade y extrañeza social.
Una exploración en el desapego y en el valor del emigrante portugués en
Venezuela' é o nome da tese de Fátima Tavares, do ano passado, para obter o
título de antropóloga na Universidade Central de Venezuela.
Para além de ter recebido uma menção honrosa, o
trabalho é um amplo estudo da comunidade emigrante portuguesa, um encontro
próximo com muitos deles, que lhe deram a possibilidade de recolher uma
história de revalorização da saudade.
A motivação de Tavares na eleição deste tema tão ligado à comunidade portuguesa
que reside na Venezuela tem duas vertentes, como explica. "Venho de uma família
de portugueses, o meu pai é português e a minha mãe nasceu na Venezuela mas é
filha de portugueses, e por isso as raízes são as mesmas. Mas há também a
motivação profissional, porque a antropologia dedica-se a estudar o homem na
sociedade e na cultura".
Isto explica, assim, a motivação desta jovem para levar a cabo o estudo, o
mesmo que deseja publicar o quanto antes pois "a minha tese pode dar
início a outros estudos, servir de motivação para que outras gerações de
estudantes tenham esta base para realizar novos trabalhos".
Tavares fez uma análise exaustiva do tema eleito, e pôde descobrir, entre
muitas outras coisas, o processo pelo qual passaram centenas de famílias
emigrantes da República Portuguesa ao chegarem à Venezuela. Descobriu como
muitos deles conseguiram integrar-se na sociedade venezuelana através da
entrada dos seus filhos no colégio, altura em que começaram a ter contacto com
famílias venezuelanas.
"Dei-me conta de que muitos deles conseguiram a inserção social quando os
seus filhos foram para a escola, porque iam buscá-los e conheciam outras
famílias venezuelanas - estabeleciam ligações -, para além de muitos deles
terem aprendido a falar espanhol através das crianças, quando estas iam fazer
os trabalhos de casa, o que é muito bonito, porque a aprendizagem não foi
apenas de pai para filho", assegurou.
É por isso que faz um apelo às diferentes editoras do país, ou a quem esteja
interessado a publicar este trabalho, pois pensa que há muito por saber, há
informações que devem ser divulgadas.
Correio da Venezuela, aqui.