Pequim, 04 Nov (Lusa) - O logo do "Happy Grill", em Pequim, é um Galo de Barcelos e basta isso para adivinhar a ementa da casa.
"Além do frango no churrasco, temos canja, caldo verde, bife com ovo estrelado e para compensar a falta de bacalhau, fazemos peixe com natas", confirmou o chefe do restaurante, Ricardo Eugénio.
"E o vinho, a copo ou à garrafa, é, evidentemente, todo português", acrescentou aquele profissional de Leiria, radicado em Pequim há quase dois anos.
A decoração também não engana: uma bandeira de Portugal, dois cachecóis do Benfica, e vários quadros retratando o eléctrico da carreira 28, em Lisboa, o Palácio da Pena, em Sintra, e outros «ex-libris» de Portugal.
"Foi tudo pintado por trabalhadores chineses, a partir de uns postais ilustrados que lhes mostrei", realçou Ricardo Eugénio.
E como o patrão, um empresário hoteleiro de Shanxi, norte da China, os cerca de vinte empregados do "Happy Grill" "nunca foram a Portugal" e antes de conhecerem Ricardo Eugénio, "não sabiam praticamente nada de Portugal".
O "Happy Grill" abriu o mês passado num luxuoso centro comercial de Xidan, na zona ocidental de Pequim, e serve diariamente "uma média de cem refeições": "Está a correr bem", disse o chefe.
É o quarto restaurante de cozinha portuguesa aberto naquela cidade em pouco mais de um ano, ilustrando a acelerada internacionalização da capital chinesa.
O proprietário, Qin Yonggang, conheceu Ricardo Eugénio no Verão de 2008, quando este dirigia o "Nuvem", o primeiro restaurante da série e que, entretanto, fechou.
A seguir abriram o "Camões" e o "Vasco's", dois restaurantes com chefes portugueses e ambos situados em hotéis de cinco estrelas, mas nesta área - e ao contrário do que acontece com restaurantes de cozinha italiana, francesa ou japonesa - a oferta está longe de saturada.
Qin Yonggang vai abrir um segundo "Happy Grill" ainda este mês, na mais famosa artéria comercial de Pequim, a Wangfujing, e no próximo ano tenciona expandir-se para Tianjin, o maior porto da costa norte da China.
Ricardo Eugénio adiantou que o "Happy Grill" da Wangfujing manterá o Galo de Barcelos como símbolo, mas terá cerca de 250 lugares - o triplo do primeiro restaurante da cadeia e muito mais, também, do que toda a comunidade portuguesa local.
Não contando com os cidadãos chineses oriundos de Macau que têm passaporte e nacionalidade portuguesa, o número de portugueses residentes em Pequim ronda os 70.
Ricardo Eugénio, 48 anos, foi trabalhar para Macau em 2004 e pelo que conta, "nunca pensava" viver em Pequim. Cinco anos mais tarde, a sua disposição é, precisamente, a oposta: "Não penso sair daqui", disse.
AC.
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