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Canadá: Dois portugueses eleitos nas autárquicas do Quebeque
2009-11-02
Dois portugueses foram eleitos para órgãos autárquicos na província do Quebeque, Canadá, no passado domingo. Numas eleições em que o número de candidatos lusos duplicou face a 2005, Luís Miranda vai iniciar agora o quarto mandato como presidente da câmara de Anjou, e Ana Nunes foi reconduzida vereadora em Outremont.

A grande maioria dos candidatos portugueses às eleições municipais no Quebeque é originária dos Açores e candidatou-se por gosto pela política ou como forma de contestação. Dos 11 luso-canadianos a votos, três procuravam a reeleição para cargos autárquicos em Montreal - Luís Miranda, presidente da Câmara de Anjou, e as vereadoras Ana Nunes (Outremont) e Isabel dos Santos (Plateau Mont-Royal).
Segundo dados oficiais divulgados pela Agência Lusa, Luís Miranda alcançou 53,34 por cento dos votos e Ana Nunes obteve 32,73 por cento no seu círculo. Por seu turno, Isabel dos Santos, vereadora nos últimos quatro anos no bairro de Plateau Mont-Royal, em Montreal, não conseguiu ser eleita e quedou-se pela terceira posição no seu distrito eleitoral.
Natural dos Açores, Luís Miranda é o mais antigo autarca português no Canadá, sendo presidente de câmara desde 1997. Aquando do início da campanha eleitoral, Luís Miranda manifestou forte empenho na sua recandidatura, por ter "ainda muito que fazer em Anjou".
Na semana anterior às eleições, o candidato foi notícia nos jornais de Montreal, que relatavam viagens aos Açores feitas por Luís Miranda com um empresário da construção civil, fornecedor de serviços camarários. O jornal denunciava a existência de ligações a financiamento partidário, acusações rejeitadas pelo visado.
Um observador político português, residente no Quebeque, defendia à Lusa, nas vésperas das eleições, que o aumento verificado de luso-canadianos a concorrerem nestas eleições traduz "o despontar junto da comunidade portuguesa, de uma maior consciência política, à medida que caminha para seis décadas de presença no Canadá".

O "apelo da política"

"O apelo da política" ou mera contestação da gestão municipal foram as razões dadas à Lusa pelos oito candidatos restantes, ao justificarem a sua candidatura este ano. Mas nenhum conseguiu ser eleito, apesar de vários ficarem em segundo lugar.
No distrito eleitoral de Laval houve este ano, pela primeira vez, seis candidatos portugueses, cinco inscritos nas listas do Partido ao Serviço do Cidadão (PSC) e um independente. Quatro posicionaram-se em segundo lugar nas circunscrições respectivas: Teresa Duarte, Noémia Onofre de Lima, José Onofre e Manuel Botelho. Tanya Onofre e Anita de Lima foram terceiras nos seus círculos.
O mais expressivo resultado luso em Laval pertenceu a Manuel Botelho, em St. Martin, ao arrecadar 41,3 por cento (1640 votos), resultado que não foi suficiente para contrariar a eleição do seu único adversário (com 58,6 por cento, 2322 votos). Também os portugueses Luís da Costa, em Sainte-Thérèse, e Luís Ruivo, em Saint-Léonard não conseguiram ser eleitos.
Ponto em comum a todos foi entrarem nestas eleições em contestação à gestão municipal de Gilles Vaillancourt, na Câmara há 36 anos, os últimos 20 como presidente. A longa manutenção do edil no poder conduziu à "falta de democracia em Laval", comentou à Lusa a açoriana Teresa Duarte, mãe a tempo inteiro e este ano candidata em Marigot.
Por seu lado, Noémia Onofre de Lima, que concorreu em Chomedey, condenou o preanunciado plano de expansão do Metro em Laval e a falta de aposta no reforço dos transportes públicos rodoviários nas ligações a Montreal.
Da família de Noémia, oriunda dos Açores, também o irmão José Onofre e a filha Tanya foram candidatos nos círculos de Renaud e St. Bruno. "Já é tempo de termos mais portugueses. Os portugueses aqui até se interessam pela política e têm consciência política. Mas têm ainda pouca auto-confiança para se candidatarem", afirmou Noémia Lima.
Também a luso-canadiana Anita de Lima concorreu pelo PSC em Sainte-Dorothée, distrito de Laval. Manuel Botelho, conhecido empresário açoriano em Laval, ex-dirigente de organizações na comunidade portuguesa e concorrente a municipais de 1984 e 1997, decidiu este ano candidatar-se como independente.
Outros dois empresários, Luís da Costa e Luís Ruivo, candidataram-se em Sainte-Thérèse e Saint-Léonard, respectivamente, apostando em "mudanças" na actual política.

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