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Desemprego cresce entre portugueses no Luxemburgo, mas medidas sociais atenuam crise
2009-08-03

Cristina Fernandes Ferreira

O mercado de trabalho luxemburguês já não oferece as oportunidades de outrora e o desemprego entre os portugueses cresce todos os anos, mas as medidas de protecção social têm atenuado os efeitos da crise e evitado situações dramáticas.

"O Luxemburgo não está a criar os postos de trabalho que antigamente criava e as vagas

de emigração que têm vindo de Portugal não conseguem ser absorvidas pelo mercado local",  diz à Agência Lusa Luís Barreira, presidente da Câmara de Comércio e Indústria L u s o - L u x e m b u r g u e s a (CCILL).

Segundo os últimos dados oficiais, no grão-ducado vivem 80.951 portugueses, 3.700 dos quais estão desempregados, correspondendo a 30 por cento do total da população sem emprego no Luxemburgo.

Para Luís Barreira, são as fracas qualificações dos trabalhadores, mais do que a crise, que explicam o número de desempregados portugueses no Luxemburgo.

"Já não existe emprego no Luxemburgo para pessoas com poucas habilitações e que vêm de trabalhos indiferenciados", refere, admitindo que os empresários possam estar também a aproveitar "o clamor da crise para se libertarem de alguns funcionários mais antigos".

Para Coimbra de Matos, da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL), os efeitos da crise também se fazem sentir entre os jovens portugueses com formação que trabalham no sector terciário.

"A comunidade portuguesa está a ser mais afectada pela crise porque trabalha no sector privado, onde está a haver encerramento de empresas", diz Coimbra de Matos, apontando o exemplo de uma das maiores empresas do país, a fabricante de pneus Goodyear, que há algum tempo está a laborar em turnos de mês.

O dirigente estima que nesta empresa 40 por cento dos funcionários sejam portugueses.

O conselheiro social da Embaixada de Portugal no Luxemburgo, Carlos Correia, reconhece à Lusa "o ligeiro aumento" do desemprego entre os portugueses, adiantando, no entanto, que não há na embaixada nem no consulado registo de portugueses em "situações críticas".

"A protecção social no Luxemburgo é muito forte e, por enquanto, quer ao nível da saúde, quer do emprego tem conseguido fazer face à situação de crise", diz.

No mesmo sentido, Coimbra de Matos adianta que apesar de "se sentir por todo o lado" que as pessoas tiveram "perdas de rendimentos acentuadas", os subsídios sociais têm-lhes permitido "ter sempre alguma coisa".

Entre os empresários, a actividade no sector da construção civil, onde se instalaram muitos portugueses, sofreu "um abrandamento" principalmente na área da habitação, segundo Luís Barreira, mas acabou por ser compensado pelo investimento do Governo em obras públicas.

"Aqui a crise ouve-se mais do que se sente, as pessoas sentem-se mais ou menos bem", defende Luís Barreira.

No mesmo, sentido o conselheiro das Comunidades, Eduardo Dias, fala de uma "ideia errada" do que é crise. "Não há especial crise. Há determinados sectores e empresas que dependem mais do exterior que são confrontadas com esse tipo de problemas. As que operam no mercado nacional ou europeu não tem qualquer tipo de problema", diz.

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