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Capacidade de trabalho dos portugueses em França é mais-valia para enfrentar a crise
2009-07-27

A capacidade de trabalho e de enfrentar os momentos difíceis é uma mais-valia dos emigrantes em França para enfrentar a crise financeira internacional, garantem dirigentes da comunidade portuguesa no país europeu.

"A nossa comunidade resistiu mais do que o mercado", considerou à Lusa Carlos linhas

Pereira, presidente da Câmara de Comércio e Indústria (CCIFP), acrescentando que os

portugueses em França "têm uma grande capacidade para ultrapassar momentos difíceis

e resistir - é uma comunidade que não tem medo de trabalhar".

Vinhas Pereira reconhece que, dos associados da CCIFP, os mais afectados pela crise trabalham no sector da construção e imobiliário.

Na aquisição de casa, "a quebra é da ordem dos 20 por cento, mas os notários já estão a

assinalar uma retoma da procura", indicou.

Entre as empresas da CCIFP, não houve despedimentos, mas também não se sentiu um aumento dos efectivos, disse o presidente da Câmara de Comércio.

O responsável pela Obra Católica Portuguesa em França, padre Geraldo Finatto, partilha da opinião que a crise mundial não afecta muito a comunidade portuguesa em França,  embora exista "um clima de medo naqueles cuja idade ronda os 50 ou 60 anos".

"É o medo de perderem o trabalho, numa idade em que é difícil voltarem a encontrar  trabalho, e também o facto de ainda não poderem ir para a reforma", explica.

O religioso, que diz não haver portugueses em França desempregados, "porque se  agarram  a qualquer trabalho", regista, isso sim, "um aumento claro do número de portugueses a chegar a França".

"Há muitos portugueses, mais de 25 mil por ano, que continuam a chegar aqui. E isso mostra que o português está mal em Portugal", justifica.

A capacidade de poupança da comunidade portuguesa é apontada pelo presidente da Coordenação das Colectividades Portuguesas em França, Hermano Sanches, como um

dos elementos para que esta "enfrente melhor as situações de quebra no salário ou perda

de emprego".

"No tecido associativo português, há uma quebra de subvenções de perto dos 50 por cento", aponta. Para a conselheira das Comunidades Portuguesas, e empresária, Cristela Oliveira, o facto de os portugueses saberem "apertar o cinto e lidar com situações de crise" permitiu-lhes "dar a devida distância e antecipar" os momentos difíceis.

Empresária no sector da construção, Cristela Oliveira refere que sofreu uma quebra no volume de construção de casas novas perto dos 60 por cento.

"Todos os portugueses, que como eu têm uma empresa, foram à luta, à procura dos  clientes e de novas potencialidades do sector. E com a nossa capacidade e qualidade de trabalho, reconhecida em toda a França, soubemos estar presentes. Foi isso que nos salvou", declarou.

"Na construção muitas empresas fecharam, mas que eu saiba nenhuma é portuguesa", avançou Cristela Oliveira.

A abertura, brevemente, de um fábrica de carpintaria em Portugal está nos planos da empresária, que "gostaria de trabalhar numa parceria mais próxima com Portugal".

"Mas também é preciso que as autoridades portuguesas nos saibam aconselhar e que o governo tenha uma verdadeira visão daquilo que os emigrantes podem dar a Portugal,  para que possamos investir no nosso pais de origem", concluiu.

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