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Garantir o ensino de português nos EUA
2009-10-09
Várias associações, criadas por luso-americanos, têm por objectivo garantir a preservação e perpetuação da língua portuguesa. São concedidos anualmente milhares de dólares em bolsas.

 

A língua materna é também factor de união entre todos os açorianos espalhados pelas diversas comunidades emigrantes. O Português não só é falado pelos emigrantes como transmitido e ensinado às segunda e terceira gerações.

"Inicialmente, os imigrantes recém-chegados à Califórnia concentravam os seus esforços em obter segurança económica através de trabalho árduo e de poupanças cautelosas, bem como investimentos", explica Tony P. Goulart, académico da Portuguese Heritage Publications of California (São José), no artigo "Impacto Sócio-recreativo-cultural da Emigração pós-Capelinhos na Califórnia" (disponível no site www.comunidadesacorianas.org). Para muitos, prossegue, "pensar em educação, era de importância secundária. Contudo, o valor da educação foi logo reconhecido como chave para o sucesso a longo prazo. Daí que muitas das novas e já existentes organizações tenham estabelecido programas, bolsas de estudo e assistência para encorajarem os jovens a prosseguirem os seus estudos".

A Fundação Luso-Americana para a Educação é disso exemplo. Fundada em 1963, é uma organização de carácter educacional, sem fins lucrativos, estabelecida com a finalidade de criar, patrocinar e perpetuar a língua e cultura portuguesas nos EUA. "Um dos objectivos principais é conceder bolsas de estudo e subsídios a estudantes universitários. Essas bolsas podem ser cedidas a qualquer estudante de ascendência portuguesa ou àqueles que estudem Português, independentemente das suas nacionalidades", refere Tony Goulart no seu estudo. Nos últimos tempos foram concedidos, por ano, entre 60 a 70 mil dólares em bolsas de estudo inclusive a estudantes que frequentam cursos de Verão em língua e cultura portuguesas nas Universidades de Coimbra, Lisboa e Açores.

A Portuguese Education Foundation of Central California, fundada em 1990, também tem contribuído para o ensino do Português, nomeadamente na Universidade Estatual de Stanislaus, através do Instituto Português. "Promover o ensino da língua e cultura portuguesas a nível elementar, secundário e universitário no vale de S. Joaquim; encorajar os estudantes a compreender e a comunicar os valores da nossa língua e cultura na Califórnia e documentar a história da imigração portuguesa neste Estado" são os principais objectivos do Instituto.

Em 1992, a fundação teve o seu primeiro sucesso quando a Universidade de Stanislaus iniciou o programa de Português com um professor em regime de part-time. "Desde a sua concepção, a fundação empenhou-se em encorajar a juventude a matricular-se em institutos de ensino superior. Uma forma de atingir essa meta foi com a oferta de bolsas. No primeiro ano, as mesmas não atingiram os 2.000 dólares. Presentemente, ascenderam a mais de 12 mil dólares por ano", afirma Tony Goulart.

 

Serviço social e apoio aos emigrantes

Inter-ajuda é uma das características das comunidades emigrantes açorianas. No estado da Califórnia surgiram várias associações com carácter e objectivos sociais. A POSSO (Organização Portuguesa para Serviços Sociais e Oportunidades) foi criada em 1976 e está sediada em S. José, Califórnia. É uma organização caritativa e sem fins lucrativos. Foi fundada por um grupo de luso-americanos, a maioria recém-licenciados e alguns estudantes universitários. "Foram inspirados pela atmosfera de orgulho étnico, que penetrava os Estados Unidos naquela época, e pelo reconhecimento aos seus heróicos pais e avós, os quais haviam emigrado dos Açores após a erupção vulcânica dos Capelinhos", explica Tony P. Goulart.

"Os fundadores da POSSO queriam assegurar-se de que os imigrantes, trabalhadores e cumpridores dos seus deveres, recebessem a sua quota-parte dos benefícios
e regalias que lhes eram devidos e que eram usufruídos por outros residentes em circunstâncias idênticas." A Valley Area Living Enabling Resources (VALER) é uma organização de serviços sociais de apoio à comunidade portuguesa do centro da Califórnia. "Modelada à base da organização POSSO de S. José, a VALER foi concebida para servir como instrumento de ligação da língua e cultura que muitas vezes afasta o imigrante açoriano dos serviços sociais disponíveis a todas as comunidades", refere Tony Goulart. A VALER funciona desde 2000. A sua mesa directiva é geralmente composta por profissionais dos vários ramos de serviços sociais. O seu orçamento provém, quase na totalidade, do Fundo Memorial J. B. Fernandes. Contudo, recebe também algum apoio do Governo Regional dos Açores.


Isabel Alves Coelho
Expresso das Nove, aqui.

 

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