Os candidatos socialista e social-democrata pela Europa
lamentaram a falta de debate entre candidatos nas emissões internacionais de
rádio e televisão públicas, considerando que faltou informação aos emigrantes
com vista às eleições de domingo.
"É um erro a RTP Internacional não ter promovido nenhum debate. O contexto
eleitoral nas comunidades portuguesas é completamente diferente de Portugal,
tem outra estrutura, outro tempo de campanha e outros suportes de comunicação.
Estas coisas têm que ser levadas em consideração, senão cria-se o sentimento de
que as comunidades não interessam e isso não pode ser", disse à Agência
Lusa o cabeça-de-lista do Partido Socialista, Paulo Pisco.
Por seu lado, Carlos Gonçalves, cabeça-de-lista do PSD, lamentou que a campanha
nas comunidades portuguesas não tenha tido "a visibilidade que
merecia".
"A RTP Internacional desta vez não teve qualquer atenção ao debate
específico das comunidades portuguesas, o que demonstra claramente o
afastamento em relação aos interesses dos emigrantes", disse.
O deputado do PSD sustentou que as emissões internacionais da RDP e RTP são
"a grande fonte de informação" dos emigrantes, acrescentando foi
prestado "um mau serviço" aos que vivem no estrangeiro.
"Ao ignorar a campanha eleitoral, está-se a ignorar os emigrantes e o peso
político que podem ter em Portugal", afirmou.
Contactado pela Agência Lusa, José Manuel Portugal, subdirector de informação
da RTP para as emissões Internacional e África, adiantou que foram avaliadas as
situações, tendo-se optado por não fazer debates.
"Não nos parece que apenas por haver um debate com os cabeças-de-lista dos
partidos os cidadãos ficariam mais esclarecidos. Achamos que através dos
serviços noticiosos, com as peças específicas que fizemos sobre os programas
eleitorais e os problemas dos emigrantes, chegamos mais rapidamente às pessoas
do que promovendo debates que à partida seriam pouco vistos porque temos
experiência do passado nesse aspecto", disse.
José Manuel Portugal adiantou ainda que os espectadores da RTPi tiveram acesso
a todos os debates feitos em Portugal e que, apesar de não ter havido nada específico
para a emigração, em todos eles foram abordados temas que interessam também aos
emigrantes.
No mesmo sentido, João Barreiros, director de informação da Antena 1, disse à
Lusa que não fazer debates na RDP Internacional foi "uma opção
editorial".
"Não fizemos debates específicos por círculos. Podíamos ter feito, mas não
fizemos por acharmos mais relevante, por exemplo, transmitir entrevistas com
cabeças-de-lista", disse João Barreiros.
A votação por correspondência arranca entre 30 e 40 dias antes da data das
eleições, quando secção eleitoral da Direcção-geral da Administração Interna
(DGAI) começa a enviar por correio os boletins de voto, e termina 10 dias
depois com o apuramento dos votos.
Para estas eleições legislativas foram enviados cerca de 167 mil boletins de
voto, 72.527 para os emigrantes na Europa e 94.471 para Fora da Europa.
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