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"A emigração vai diminuir independentemente da situação económica"
Entrevista a Rui Pena Pires, coordenador cientifico do Observatório da Emigração, publicada no jornal Público, dia 1 de Novembro 2016, realizada por Joana Gorjão Henriques. Segundo Rui Pena Pires, embora em decréscimo, a emigração não chegará aos níveis de antes da crise, para além de Portugal ser cada vez menos atractivo para imigrantes. +

"Rui Pena Pires, coordenador científico do Observatório da Emigração, lê com reserva os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística que (INE) apontam para uma descida de 18,5% da emigração permanente e de 28,5% da temporária. O Observatório ainda não publicou os dados relativos a 2015 porque lhe faltam os de Angola e de França, dois “países-pesados” que não podem ficar de lado quando se fazem estimativas. Mas, diz, até “agora a situação está estável em relação ao ano anterior”. Numa entrevista por telefone o sociólogo prevê mesmo que a emigração “não vai voltar aos níveis antes da crise porque entretanto já se criaram canais de informação que permitem às pessoas sair, não tanto porque estejam mal mas porque podem estar melhor”. E diz com cautela: “Estes dados confirmam que provavelmente os tempos de maior emigração talvez comecem a passar, mas ainda é muito cedo para tirar conclusões”.

Como lê a diminuição do número de emigrantes?
No inquérito sobre mobilidade do INE perguntam se alguém daquela habitação emigrou nos últimos 12 meses. Isto deixa de fora as unidades em que todos os membros emigraram. Perguntam também se conhecem alguém que emigrou nos últimos 12 meses. E ainda se acham que essa pessoa acha que vai ficar mais de 12 meses. O grau de subjectividade nesta pergunta é muito grande. Diria que os dados que o INE faz da emigração estão subavaliados. E que não tem grande significado a distinção entre temporário e permanente. A emigração temporária é difícil de medir, só se consegue àposteriori. Quando são os próprios a responder, respondem de diferentes formas, uma das respostas que dão é condicionada pelas questões legais.

Houve então mais emigração do que dizem os dados do INE? Que dados tem para dizer que a emigração foi superior e porquê?
Sim. De 2015 faltam Angola e França, dois destinos que não se podem colocar de lado quando se está a fazer as estimativas devido à sua importância. Até agora a situação está estável em relação ao ano anterior – a Suíça diminui, mas Espanha e Reino Unido, por exemplo, aumentaram. Todos os anos calculamos a emigração a partir das entradas de portugueses nos países de destino porque o problema é que não há registo de saídas.  

Mas é provável que por causa da crise em Angola a emigração tenha diminuído?
Sim. A grande incógnita é se França compensa a eventual descida de Angola. A minha perspectiva é: ou estabilizou ou houve uma ligeira baixa.

Esta eventual diminuição pode estar relacionada com a situação económica de Portugal?
Acho que não. Apesar de tudo, estando em crise, ficámos com défice de criação de emprego e com grande volume da população que não conseguia encaixar-se no mercado de trabalho e começou a sair. Mas esse “excedente” está a diminuir. De alguma forma, a emigração vai diminuir independentemente da situação económica porque já saíram os que precisavam de sair para os níveis se equilibrarem.

Nos tempos mais próximos, provavelmente vão acontecer duas coisas. A emigração vai começar a baixar, mas mesmo que a situação económica melhore não vai voltar aos níveis antes da crise pois entretanto já se criaram canais de informação que permitem às pessoas sair, não tanto porque estejam mal mas porque podem estar melhor – e não sabiam antes porque não existiam as redes de suporte à emigração que agora existem. A não ser que haja uma hecatombe com o Brexit – o Reino Unido é o nosso principal destino de emigração e se houver um fechamento pode, sim, haver uma diminuição maior."

 

Ler a entrevista completa no Público, aqui

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