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Cavaco Silva defende que país precisa dos empreendedores da Diáspora
2009-06-22

Tiveram a capacidade de empreender e inovar, característica que os levou a destacarem-se nas mais diversas áreas de trabalho, nos países onde residem. Em comum têm ainda o facto de serem portugueses, e de, com o seu protagonismo e sucesso profissional, contribuírem para que alargar "a grandeza do nome de Portugal por toda a parte", como referiu o Presidente da República durante a cerimónia de entrega do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa.
O galardão recebeu 67 candidaturas de países dos cinco continentes e foi entregue a Manuel Eduardo Vieira, de 63 anos, residente nos Estados Unidos, e Paulo Taylor de Carvalho, 32 anos, a residir na Holanda. Duas gerações de talentos que para Cavaco Silva são "um bom exemplo de empreendedorismo na nossa Diáspora", que deveria poder "servir de exemplo também aqui no nosso país".

Lançado em 2008 pela Cotec Portugal - Associação Empresarial para a Inovação, o Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa recebeu na edição deste ano, 67 candidaturas de países dos cinco continentes. Embora de sectores de actividade diversos, estes portugueses têm em comum o facto de se destacarem, nos respectivos países de acolhimento, pelo seu papel empreendedor e inovador. Com o nome firmado em áreas como a restauração e o turismo, o meio empresarial e financeiro, a investigação científica, o sector agrícola, a construção civil, o desporto, a moda e o associativismo, entre outros, estes 67 homens e mulheres são este ano, a face visível de um grande numero de casos de sucesso de portugueses e luso-descendentes que residem no exterior.
Cidadãos que "têm alargado a grandeza do nome de Portugal por toda a parte", como destacou o Presidente da República na discurso que proferiu este mês, na cerimónia de entrega de um Prémio ao qual concedeu o seu Alto Patrocínio. Cavaco Silva explicou que quis, com esse gesto, "assinalar o respeito e a admiração" pelos portugueses e seus descendentes que residem no estrangeiro.

Valor «desprezado»

É o papel destes empreendedores na projecção da imagem de Portugal no estrangeiro e no apoio ao desenvolvimento do país que uns e outros fazem questão de destacar. "As diásporas devem desempenhar um papel determinante na extensão e na projecção do país", afirma Filipe de Botton, membro da direcção da Cotec Portugal e presidente do júri do Prémio. Mas segundo o empresário, o "valor incalculável" do apoio destes portugueses e luso-descendentes à internacionalização das empresas portuguesas "tem vindo a ser desprezado", algo que a iniciativa da Cotec pretende ajudar a mudar.
Uma opinião secundada por António Simões Fernandes, 45 anos, um dos candidatos ao galardão deste ano. Residente nos Estados Unidos, este português que desenhou a imagem para duas aplicações do sistema operativo Lotus, acredita que estes empreendedores "podem gerar oportunidades para Portugal" e diz que "gostaria de ver mais projectos como este". "Portugal é um país antigo que tem ainda algumas ideias antigas, precisa de exemplos novos, especialmente na área da tecnologia", defendeu em declarações a O Emigrante/Mundo Português.
Exemplos que se dão a conhecer através do "estreitar" das relações entre Portugal e os seus cidadãos que vivem no estrangeiro, como defende o Presidente da República, para quem é necessário "mobilizar os recursos da Diáspora para o desenvolvimento do país".
E não há falta de exemplos de empreendedorismo junto dos portugueses no estrangeiro. Mais jovens ou mais experientes, têm todos histórias de dificuldades ultrapassadas. Em 2004, Carla Pinto chegou a Moçambique com o marido, que tinha aceite uma proposta de trabalho. Sem nenhuma ligação familiar e nenhum conhecimento do país, um ano depois arriscou lançar-se num negócio de moda e design que tem por base os tecidos tradicionais africanos e que lhe valeu em 2008 o direito de comercializar as suas peças com o símbolo «Made in Mozambique» atribuído pelo Ministério da Indústria e comércio daquele país.
Iniciativa é para esta estilista a palavra-chave para ultrapassar as dificuldades de criar uma empresa "num dos países mais pobres do mundo".
Iniciativa foi para esta estilista, a palavra-chave para ultrapassar as dificuldades de criar uma empresa "num dos países mais pobres do mundo". "Se não formos nós, pequenos ou grandes empresários, a termos a iniciativa de avançar e querer que as coisas evoluam, não saímos do mesmo sítio", sentencia a empresária.

Apelo ao investimento

Os cerca de 40 candidatos ao Prémio Cotec que se deslocaram a Portugal para a entrega do galardão, no passado dia 8, ouviram do Presidente da República um apelo ao investimento em Portugal, mas também o reconhecimento de que o país tem que responder às necessidades destes investidores.
"Contamos, ainda, com o investimento de todos quantos se sintam que o podem fazer", sublinhou o Chefe de Estado, acrescentando, porém, que "um Portugal que se sente legitimado para pedir o apoio dos portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro tem que estar à altura de responder às necessidades desses mesmos portugueses e de tudo fazer para promover a sua ligação ao seu país".
É meu firme propósito continuar a contribuir para que os portugueses residentes no estrangeiro e os luso-descendentes possam aumentar a sua participação cívica e política e reforçar os laços que os unem a Portugal.
Da sua parte, disse ter o "firme propósito" de continuar "a contribuir para que os portugueses residentes no estrangeiro e os luso-descendentes possam aumentar a sua participação cívica e política e reforçar os laços que os unem a Portugal".
Manuel Eduardo Vieira faz questão de manter a ligação aos Açores é à sua Ilha do Pico natal. Ao "orgulho e felicidade" que sentiu por saber que tinha sido um dos vencedores do prémio deste ano, acrescentou que "no mundo português, existem milhões com grandes ideias e um grande empreendedorismo".
A residir nos Estados Unidos, o maior produtor e distribuidor de batata-doce biológica do mundo, continua a investir no Pico, e está actualmente a construir na Vila das Lajes um hipermercado que deverá ser inaugurado no fim do ano. "Quis dar o meu contributo à terra que me viu nascer", sublinhou a O Emigrante/Mundo Português.
Paulo Taylor de Carvalho ainda não investiu em Portugal, mas esse é um objectivo que pretende concretizar. Apesar de ainda não saber quando, tem a convicção de que "daqui a dez anos" não está lá, de certeza". Lá, é a Holanda, país para onde emigrou há nove anos e onde fundou com dois sócios, o e-Buddy, uma plataforma para contactar pessoas em todo o mundo que aproveita a possibilidade dos telemóveis acederem ao Yahoo Messenger, Google Talk, ou MySpace e que já conta com mais de 70 milhões de utilizadores. Assume o regresso a Portugal como "um projecto a longo prazo", até porque não poderia deslizar-se da empresa que ajudou a fundar e que nasceu de um «hobby» que criou para ajudar a colmatar a solidão vivida na Holanda.
Enquanto não regressa, continua a divulgar o seu país natal sempre que surge a oportunidade. Diz que faz questão "de que as pessoas saibam" de onde é e afirma que Portugal "tem sido cada vez mais reconhecido" no estrangeiro. E não apenas na área da tecnologia...


PAULO TAYLOR DE CARVALHO - Holanda
"SEI QUE QUERO VOLTAR"

Nasceu em Angola, veio para Portugal com os pais e vive na Holanda há nove anos.
Aos 32 anos, Paulo Taylor de Carvalho recebeu "orgulhosos" o galardão entregue pela Cotec. "Para mim é uma honra, ainda mais com a presença do Presidente da República", disse.
Com formação em Engenharia Electrotécnica, trabalhou em algumas empresas de informática na Holanda. O e-Buddy, foi um projecto "que partiu de um hobbie quase a custo zero, desenvolveu-se e acabou por criar uma empresa", como explicou a O Emigrante/Mundo Português. Trata-se de uma plataforma para contactar pessoas em todo o mundo e que conta actualmente com mais de 70 milhões de utilizadores.
O que começou com uma «brincadeira» ao instalar num telemóvel um MSN, gerou a empresa fundada em 2004 juntamente com outros dois sócios. Emprega actualmente 40 pessoas, facturou no ano passado, cerca de dois milhões de euros em publicidade e tem escritórios em Londres, Inglaterra, e São Francisco, Estados Unidos.
Apesar de ter como objectivo imediato o crescimento da empresa, não descarta a possibilidade de a vender se tiver uma proposta tentadora. Até porque regressar a Portugal, onde vive a família, é um projecto ainda a longo prazo, mas que continua nos seus planos. "Para voltar para cá, provavelmente vai ser para criar um projecto novo, nada ligado ao que estou a fazer agora, apesar de ser na área das novas tecnologias. Não tenho ainda nenhuns planos estratégicos, mas sei que quero voltar", afirmou.


MANUEL EDUARDO VIEIRA - Estados Unidos
"Podemos sempre evoluir"
Foi para o Brasil aos 17 anos, morou no Rio de Janeiro entre 1692 e 1972 e emigrou depois para os Estados Unidos. Considerou "um orgulho, uma felicidade" ter sido galardoado e revela que nunca imaginou "que um dia, entre cerca de 70 concorrente, me fosse entregue o prémio".
Integrou-se na empresa do tio que se dedicava à cultura da batata-doce na Califórnia e mais tarde adquiriu a empresa A. V. Thomas Produce, que em 2008, plantou 1300 hectares e processou cerca de 50 milhões de quilos de batata-doce quer convencional quer biológica. Ocupa a liderança de mercado na distribuição de batata-doce da Califórnia e é o maior produtor e distribuidor de batata-doce biológica do mundo. Nomeado «Empreendedor do Ano» pela Câmara do Comércio da Califórnia, está ligado à co9munidade portuguesa onde reside, tendo sido fundador e presidente da Sociedade Filarmónica Lira Açoriana e da Casa dos Açores de Hilmar.
Diz que o prémio "é de muita gente" e que tem em cada funcionário "um colaborador e um amigo". "Eu tenho 700 empregados e se consigo incutir na mente deles que devem ser rigorosos e pontuais, eu sou o primeiro a fazê-lo", afirma, sublinhando que esse é um princípio que todos têm seguido.
Dinâmico, Manuel Vieira diz que há sempre "coisas a fazer" e iniciativas a tomar. Uma delas foi a criação de embalagens de batata-doce a vácuo para serem utilizadas em micro-ondas. A máquina foi desenvolvida especificamente para esse propósito e a ideia tem sido "um sucesso". Manuel Vieira diz que nunca para, porque "há sempre arestas a limar". "Podemos sempre evoluir", sentencia o empresário que ainda quer "ver o Benfica campeão"...

Ana Grácio Pinto

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