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Português há 32 anos no Canadá vai ser expulso
2012-08-08

por Texto da Agência Lusa, publicado por Patrícia Viega

A notícia avançada pelo canal público nacional em língua francesa, Rádio Canadá, refere que a expulsão de José Pereira resulta de um "imbróglio administrativo".

Em entrevista à agência Lusa, José Pereira sublinha a grande descoordenação e decisões contraditórias dos Serviços de Imigração canadianos no seu processo de renovação do estatuto de residente permanente, que deixou caducar.

Este emigrante, natural de Ofir, em Fão, Esposende, assume que não respondeu aos Serviços de Imigração em janeiro de 2010, por ter pensado que o seu caso estava já regularizado, mas foi essa falta que conduziu à revogação do estatuto de residente e, em última análise, à sua ordem de expulsão do país.

Agora, com viagem marcada para Portugal para o próximo dia 21, a sua família está prestes a dividir-se. Seguirá para Portugal com a esposa quebequense, Cérès Bibeau, mas os quatros filhos e dois netos ficam no Canadá.

"[É] uma grande injustiça, porque este país é baseado na imigração", exclamou o empresário à Lusa.

"Nós saímos dos nossos países, onde aprendemos a trabalhar. Chegamos aqui, damos o nosso melhor, pagamos as nossas 'taxas' [impostos]. Vamos ao nosso país fazer uma visita aos nossos pais ou à nossa família e estes indíviduos não têm a mínima consideração pelas pessoas que trabalham aqui", desabafou.

O caso remonta a agosto de 2009 quando teve de se deslocar de urgência a Portugal de 11 a 31 de agosto, devido ao estado de saúde do pai, altura em que notou que o seu cartão de residente estava caducado.

Ainda em Montreal, diligênciou com vista à renovação, mas foi avisado de que necessitaria de um "título de viagem", ou seja, um visto de entrada único para o regresso, a pedir na embaixada canadiana em Paris.

De Paris solicitaram-lhe documentos comprovativos da residência no Canadá, o que enviou, e em janeiro de 2010, comunicou-lhe para Portugal a recusa a residência, dando 60 dias para contestar.

Mas José Pereira nada fez, pois já estava no Canadá e em posse do novo cartão de residente, com validade até agosto de 2014.

"Eu recebi o [novo] cartão de residente permanente em setembro [de 2009] e a partir desse momento pensei que estava tudo legal. Para mim estava tudo correto. O título de viagem para mim não era importante. Só que para eles [as autoridades] era", indicou ainda à Lusa, adiantando que nos últimos dois anos foi a Portugal e reentrou no Canadá sem problemas.

Até que em abril deste ano, ao iniciar o exame para a obtenção de nacionalidade canadiana, o funcionário confrontou-o, dizendo-lhe de que estava "ilegal no Canadá há dois anos, não podia trabalhar e iria ser deportado".

A 27 de junho último, recebeu a ordem de saída do Canadá até 10 de setembro.

Chocado e revoltado, fechou a sua empresa "Grandes Eaux", pôs a casa à venda e alienou os bens ao desbarato.

Para ele, é a hora de olhar para Portugal, planeando refazer a vida em Porches, no Algarve, e recriar a empresa que tinha no Quebeque de fabrico de equipamentos para tratamento de águas.

Diário de Notícias, aqui.

 

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