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José Manuel da Silva é o cônsul honorário de Portugal em Andorra
2012-05-28
Em junho desde ano, José Manuel da Silva completa 28 anos de vida em Andorra, país para onde emigrou aos 16 anos. Nesse mesmo mês, poderá já ter iniciado as funções de Cônsul Honorário de Portugal no Principado. Empresário da restauração e conselheiro das Comunidades Portuguesas nos últimos quatro anos, José Manuel da Silva diz que foi a vontade “de fazer algo pela comunidade portuguesa” que o levou a aceitar o cargo.

A 16 de dezembro último, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas revelava que Portugal iria criar um Consulado Honorário em Andorra. Foi a alternativa encontrada para o encerramento da Embaixada e do Consulado de Portugal no Principado, uma decisão que gerou muitos protestos da vasta comunidade portuguesa. A 9 de maio foi publicada em Diário da República, a nomeação de José Manuel Silva para o cargo de cônsul honorário. Mas até ao fecho desta edição, o empresário e ex-conselheiro das Comunidades Portuguesas estava a aguardar instruções do Governo português sobre o início da sua entrada em funções, como explicou em entrevista a este jornal.

O que o motivou a aceitar o cargo?

A vontade de ajudar, de fazer algo pela comunidade portuguesa. A experiência destes últimos quatro anos como conselheiro das Comunidades Portuguesas em Andorra, ajudou-me a decidir aceitar o convite do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Também o meu trabalho faz-me estar todos os dias em contato com os portugueses aqui. Foi algo que me deu forças para aceitar este cargo e frente e ajudar no que for preciso.

O cargo de conselheiro permitiu-lhe estabelecer uma relação com as autoridades andorranas ...

A relação que tenho com o primeiro-ministro e alguns ministros e presidentes de câmara é boa, já nos conhecemos há bastante tempo. Nunca tive problemas em fazer chegar a esses governantes qualquer problema que afetasse os portugueses. Neste momento, há uma relação muito boa entre Andorra e Portugal.

Que opinião têm as autoridades andorranas, da comunidade portuguesa?

Eu diria que nos últimos dez anos - desde que tem havido um conselheiro das comunidades portuguesas e desde a abertura da embaixada de Portugal - ela tem-se tornado mais visível. A abertura da embaixada e do consulado há 11 anos trouxe-nos prestígio junto das autoridades andorranas. Penso que a comunidade portuguesa é respeitada e bem acolhida em Andorra. E há aqui muitos empresários portugueses, com prestígio. 

A abertura do consulado-honorário seria uma boa forma de se comemorar o 10 de Junho em Andorra...

Da minha parte, digo que seria fantástico. Até se pudesse, ser já no dia 1 de Junho, para que os portugueses não tivessem que continuar a deslocar-se ao consulado geral em Barcelona (Espanha) para tratar de documentação. Faz realmente falta, depois de tantos meses sem nenhuma representação consular. Desde 10 de janeiro, quando a embaixada foi fechada, os portugueses que vivem em Andorra têm que deslocar-se cerca de 300 quilómetros até Barcelona, e outros 300 de volta, para tratarem de qualquer assunto.

Quais os principais objetivos que leva para estas novas funções?

Objetivos, tenho muitos e, sinceramente, espero fazer o meu melhor. Mas estou ainda à espera de saber exatamente quais serão as funções deste consulado, que competências terei em Andorra. A nomeação foi publicada há pouco tempo, a 9 de maio. Mas em princípio, serão praticamente todas, entre as quais a emissão e passaportes e do cartão do cidadão. O consulado honorário terá dois funcionários: a Sofia Borges e o António Costa, que já estão cá e muito motivados para trabalhar e ajudar a comunidade portuguesa. Espero estar altura do cargo e da minha parte, vou dar o meu melhor para representar bem o nosso país em Andorra.

Em 2010, afirmou a este jornal que o grande problema dos portugueses em Andorra era a falta de trabalho. Ainda é o grande problema?
Esse é atualmente, o grane problema de Andorra em geral. Pela primeira vez no país o fundo de desemprego superou as mil pessoas. Aqui, até há pouco, nem se falava em fundo de desemprego. Há muita gente sem trabalho. A comunidade portuguesa, que era formada por 13.800 pessoas, segundo os dados mais recentes tem vindo a baixar. Andorra tinha cerca de 85 mil habitantes e agora não terá mais do que 75 mil. Houve muita gente a deixar este país que não escapou da crise que afeta a Europa. A maior preocupação vivida neste momento pelos portugueses em Andorra é levantarem-se de manhã e terem um posto de trabalho para onde ir.

A construção civil, onde trabalham muitos portugueses, foi um setor fortemente atingido?

Foi o mais atingido com a crise em Andorra.

Deixou o Conselho das Comunidades Portuguesas...
Renunciei ao cargo de conselheiro das comunidades quando aceitei assumir as funções de cônsul-honorário. Mas espero que, quando houver novas eleições para o CCP, haja candidatos de Andorra. A figura do conselheiro é muito importante aqui e ele poderá fazer um bom trabalho. Eu estou contente com o trabalho que fiz, mesmo sabendo que nem toda a gente terá gostado.

Foram quatro anos de bastante trabalho?
Foram complicados. A questão do aumento do valor do IMI cobrado aos emigrantes de Andorra pelo Ministério das Finanças de Portugal, foi a mais recente. Mas houve a polémica do encerramento da embaixada e do consulado, o acidente na construção do túnel de Dos Valires, onde morreram cinco portugueses. Esse, aliás, foi o momento mais difícil que passei como conselheiro. Mas houve momentos muito bons, como o colóquio sobre a integração da comunidade portuguesa e houve ótimas celebrações do Dia de Portugal. Houve ainda um bom trabalho com o movimento associativo. Conseguimos - com o apoio do embaixador e dos funcionários do consulado - que as associações organizassem festas e trabalhassem em conjunto, com espírito de união. Por tudo isso é que vou com confiança assumir estas novas funções, sempre com o intuito de dar o meu melhor, num espírito de cordialidade. Espero que, com a ajuda de todos, este consulado-honorário possa continuar o trabalho realizado anteriormente pela embaixada e pelo consulado.
Ana Grácio Pinto
apinto@mundoportugues.org

Consultado em 28 de Maio de 2012, aqui.

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