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Empresários da diáspora são embaixadores de Portugal no mundo
2012-03-06
Centrado no tema «A importância dos negócios em português para o relançamento da economia portuguesa», decorreu em Lisboa o I Congresso Mundial de Empresários das Comunidades Portuguesas e da Lusofonia, organizado no âmbitop do 42º aniversário do semanário «O Emigrante/Mundo Português». Cerca de 250 empresários portugueses da diáspora e da lusofonia, radicados em 23 países, debateram nos dias 29 de fevereiro e 1 de março, várias questões essenciais para o relançamento da economia portuguesa. O Congresso teve ainda por objetivo contribuir para a aproximação dos empresários de língua portuguesa a Portugal, convidando-os a investir num país ao qual têm ligações afetivas. A iniciativa teve o alto patrocínio do Presidente da República que, no discurso de encerramento, disse ser “fundamental que os portugueses da diáspora possam ser os primeiros embaixadores e porta-vozes da imagem de Portugal no mundo”. Um discurso que teve eco nas palavras do mentor do Congresso, Carlos Morais, que destacou o papel dos empresários da diáspora “no cumprimento da nossa vocação atlântica, confirmando Portugal como “um País de Excelência do qual todos nos orgulhamos”.

Aos cerca de 250 empresários de língua portuguesa oriundos de vários países, que estiveram em Lisboa, Carlos Morais, organizador e presidente do I Congresso Mundial de Empresários das Comunidades Portuguesas e da Lusofonia, reiterou o orgulho em estar perante "empresários portugueses no estrangeiro e empresários da lusofonia que passam a ter nesta organização um ponto de encontro para o lançamento anual de iniciativas voltadas para a sua valorização".

"Esperamos poder estar à altura dos vossos projetos empresariais", afirmou, acrescentando que a plateia que tinha à frente era formada por "mentes brilhantes", que "saíram deste país sem dinheiro, sem apoios e sem contatos e venceram na vida".

Caminho difícil mas vitorioso

O Congresso teve o ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares a presidir à sessão de abertura. Perante uma plateia formada por empresários de língua portuguesa, Miguel Relvas destacou que o crescimento das exportações "verificado neste ambiente de forte adversidade" demonstra a capacidade dos líderes empresariais "para se adaptarem às circunstâncias e encontrarem novos mercados onde se impões pela qualidade e inovação".

Reiterando que o Governo considera essencial consolidar reformas "que alteram as estruturas económicas, desbloqueiam processos e facilitam os investimentos das empresas", o governante enumerou algumas medidas que preconizam uma "transformação estrutural" da economia. À alteração ao sistema fiscal e à abertura de uma linha de crédito para "reforçar o crescimento e a capacidade de investimento" das pequenas e médias empresas, o ministro acrescentou o prolongamento da disponibilidade das Linhas de Seguros de Crédito com garantia do Estado - uma medida voltada para o setor exportador.

Já em jeito de conclusão, lembrou que quem pretende vencer numa economia global, "olha para a Europa como olha para a Ásia, olha para a África como olha para as Américas", explicando que as distâncias não são limites "à nossa capacidade de ultrapassarmos obstáculos e atingirmos os nossos objetivos".

Reiterou ainda a importância da diplomacia económica como instrumento de apoio à internacionalização das empresas e ao dinamismo dos empresários, lembrando que muitas vezes apostam em meios que são "desconhecidos e até adversos". Mas nesse aspeto, defendeu que, para se afirmar e consolidar nas próximas décadas, a economia portuguesa deve ir mais além "do mercado interno e do mercado Ibérico".

"Existe hoje muito mais e temos sido capazes em setores que são hoje fortemente exportadores. O setor vitivinícola e o dos azeites, entre outros, são um bom exemplo", acrescentou.

Por fim, assumiu perante os congressistas, o "difícil, estreito" caminho que Portugal tem pela frente, mas deixou uma mensagem otimista.

"É também verdade - e a nossa história demonstra-o - que sempre que fomos empurrados para o Atlântico, nós vencemos. É essa a atitude que se exige a este novo Portugal neste momento de incertezas, neste tempo de turbulências. Vamos lutar, mas todos nós sabemos que vamos ser capazes de chegar a bom porto", afirmou.

Dimensão empresarial "extraordinária"

«A importância da diáspora e da lusofonia para o relançamento da economia» centrou o primeiro painel de debates, que foi conduzido pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que defendeu a necessidade de se "aproximar mais os portugueses que aqui vivem daqueles que residem fora".

José Cesário disse não ter dúvidas de que os problemas económicos do país "resolvem-se fundamentalmente lá fora" e afirmou que Portugal "cometeria um erro enorme se desprezasse o potencial que tem este universo de quase cinco milhões de pessoas, com todos os laços que têm localmente", que estão espalhados por quase todos os países do mundo e onde "existem ainda comunidades empresariais com uma dimensão extraordinária".

"A promoção dos nossos interesses económicos, a exportação dos nossos produtos passa cada vez mais por esse universo de pessoas", defendeu o governante, lembrando que o português que está no exterior, "vale fundamentalmente por aquilo que potencia, pelo que potencia aos outros, pela imagem que é capaz de projetar, aquela imagem da excelência que o Carlos Morais aqui referiu". "Temos que fazer dela o nosso primeiro objetivo e tem que ser transmitida por este universo enorme de empresários portugueses que estão espalhados pelo mundo", afirmou.

Medida em primeira mão

O ministro da Solidariedade e da Segurança Social, abriu o segundo painel de discussão, subordinado ao tema «Responsabilidade Social». Na sua intervenção, Pedro Mota Soares congratulou não só a organização do Congresso, mas também do SISAB Portugal, dois eventos que, em seu entender, têm uma enorme complementaridade entre si. O ministro aproveitou a sua presença no Congresso para anunciar em primeira mão uma medida que, como sublinhou, vem dar resposta a uma "falha nacional" que impedia o cumprimento de muitas das conquistas de empresas empregadoras. Pedro Mota Soares referia-se ao destacamento de trabalhadores para o estrangeiro, cujo processo burocrático "levava cerca de 60 dias a ser tratado pelos serviços da Segurança Social".

A partir de agora, como revelou o governante, tanto para as empresas nacionais como as estrangeiras, que contam temporariamente com mão-de-obra portuguesa qualificada a trabalhar fora de Portugal, "passará a ser possível a desburocratização de todo o processo de destacamento". "Para os novos processos, sempre que devidamente instruídos, passará a ser possível emitir o destacamento no prazo de três dias. Reduzimos de 60 para três dias, uma medida que certamente será compreendida por muitos que aqui estão presentes", apresentou o ministro. A notícia foi recebida com aplausos por parte da audiência, constituída em grande parte por empresários que desenvolvem as suas atividades em Portugal e no estrangeiro.

Sobre a temática da responsabilidade social, Pedro Mota Soares disse acreditar que são as instituições de proximidade, e não o Estado, que conseguem dar melhor resposta aos problemas das populações. Nesse sentido, o ministro da Solidariedade e da Segurança Social apelou aos empresários para terem sempre presentes as suas responsabilidades para com a sociedade, e lembrou aos congressistas que, quanto maior for o desenvolvimento económico, maior será a contribuição social das empresas.

Cultura de empreendedorismo

O setor das obras públicas e da construção esteve em evidência no início do segundo dia de debate do Congresso. Perante uma plateia que incluía vários empresários da diáspora ligados a este setor, o secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, falou da importância dos negócios em língua portuguesa para a retoma do crescimento de Portugal.

Sérgio Silva Monteiro afirmou que as obras realizadas no país trouxeram "capacidades" mas não "crescimento", por falta de políticas de desenvolvimento e de redução de barreiras ao investimento externo. "Temos os défices das contas públicas a rondar os 10% ao ano, nos últimos anos, um endividamento crescente, não investimos na economia transnacional", enumerou o governante acrescentando que o país precisa de "empreendedorismo". "Precisamos de uma cultura de empreendedorismo, de criação de emprego", defendeu Sérgio Silva Monteiro, acrescentando que a "política de acomodação ao emprego público" levou o país a ter "uma das taxas mais baixas" de criação de emprego próprio.

Sobre o setor que coordena, o secretário de Estado defendeu que Portugal apresenta já inovação nos materiais de construção e obras realizadas de excelência. Sobre os empresários da diáspora, agradeceu por continuarem a acreditar que "Portugal é um país onde vale a pena investir", e pediu que invistam no seu país. "Precisamos de quem está em países com índices de crescimento diferentes de Portugal e de grandes projetos de infraestrutura, para exportarmos os nossos materiais, equipamentos e conhecimento", explicou. Angola, Moçambique, Estados Unidos, Brasil, França e Alemanha, são alguns dos países que Sérgio Silva Monteiro apresentou como mercados alvo neste setor, sublinhando que o Governo português tem a "obrigação de criar condições" para que estas parcerias aconteçam e de pedir "com humildade" o apoio dos empresários da diáspora e da lusofonia.

"Enorme" potencial da diáspora

O Secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, dinamizou o painel com o tema «Mar, Terra, Ambiente e Energias Renováveis como plataforma para o desenvolvimento de Portugal». No final, em declarações a O Emigrante/ Mundo Português, Pedro Afonso de Paulo elogiou o Congresso considerando que é importante reunir os empresários das comunidades portuguesas para que eles conheçam as oportunidades que Portugal oferece.

"Pela minha experiência pessoal e profissional, acho que de uma forma genérica as nossas comunidades empresariais em muitos dos países onde Portugal tem uma forte presença empresarial e de comunidades, conhecem-se mal. As comunidades culturais conhecem-se relativamente bem, as comunidades políticas estado a estado também, mas como são mercados muito distantes e muitas vezes com muitas barreiras penso que se conhecem mal. E daí não haver tantos negócios como aqueles que podiam existir", lamentou o governante.

Pedro Afonso de Paulo acrescentou que "existe ainda um grande desconhecimento" para defender que "tudo o que fomente este contacto como este Congresso o fez, é extremamente importante".

O Secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território lembrou ao nosso jornal que Portugal tem grandes oportunidades de negócio que podem ser aproveitadas pelos empresários de língua portuguesa. "Acho que temos excelentes exemplos em Portugal e na área da chamada economia verde. Temos excelentes empresas de engenharia, empresas de projeto, de desenvolvimento de software, áreas complementares às atividades ambientais que se dedicam às atividades ambientais e que atuam em nicho", exemplificou, lembrando ainda outras áreas como de tratamento de águas, de tratamento de resíduos, de reciclagem e de tratamento de fileiras e ainda "todas as ligadas às energias renováveis, a áreas complementares de eficiência energética, da aquacultura, economia do mar".

Para o governante há que "saber potenciar este enorme potencial que nós temos com as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo e com os empresários portugueses".

"Se o mercado está em crise acho que os empresários vão encontrar boas oportunidades de fazer negócios em Portugal. Quer de parcerias, quer comprar empresas portuguesas e potenciar estas empresas, estes negócios quer para entrar em novos mercados, quer para reforçar a sua presença em mercados que já conheçam. Ou mesmo para entrar em novas áreas de negócio nos mercados onde já estão", defendeu.

Esforço na atração do investimento

O Congresso Mundial de Empresários das Comunidades Portuguesas e da Lusofonia foi concluído pelo Presidente da República, que no discurso de encerramento lembrou a "especial atenção" que tem dedicado desde o início do primeiro mandato, à importância dos empresários das comunidades portuguesas espalhados pelo mundo. "Sou testemunha do vosso esforço e do vosso mérito e é por isso, com muito gosto que me associo a este Congresso", afirmou Aníbal Cavaco Silva, sublinhando a necessidade do país valorizar o que considerou ser o "extraordinário potencial" da diáspora portuguesa e dos "mais de 250 milhões de falantes de língua portuguesa.

O Chefe de Estado defendeu ainda que Portugal deve tirar proveito da sua "posição estratégica" como porta da Europa para o Atlântico Norte e Sul, que se apresenta como uma oportunidade "para os empreendedores de muitas das comunidades portuguesas acederem ao mercado único europeu, um mercado com 500 milhões de consumidores dotados de elevado poder de compra".

Mas para tal, defendeu o Presidente da República, Portugal precisa continuar a desenvolver um "esforço sério e consistente" na promoção das suas exportações e da atração do investimento, sem deixar de apostar "na valorização da iniciativa empresarial, na internacionalização", incluindo a inovação e a criatividade como "elementos decisivos da competitividade externa".

Mas, no entender do Chefe de Estado, para que tudo isso aconteça, a participação dos empresários portugueses e lusófonos espalhados pelo mundo é de grande importância. "É fundamental que os portugueses da diáspora possam ser os primeiros embaixadores e porta-vozes da imagem de Portugal no mundo", defendeu.

 

Carlos Morais

"Portugal é um País de Excelência"

Um total de 23 países estiveram representados no I Congresso Mundial de Empresários das Comunidades Portuguesas e Lusofonia. No seu discurso de encerramento, Carlos Morais, mentor e presidente do Congresso, reiterou que tendo por objetivo identificar e projetar os inúmeros valores, desafios e oportunidades em que os milhões de cidadãos de língua portuguesa espalhados pelo mundo podem e querem participar, este evento foi "um enorme sucesso", graças à contribuição dos cerca de 250 participantes, homens e mulheres oriundos dos cinco continentes.
Estes milhões de cidadãos de língua portuguesa "podem e querem" investir em Portugal sem por isso "ser excluídos ou limitados nos seus direitos e no acesso a toda a informação", defendeu o presidente do Congresso.
Carlos Morais sublinhou ainda que este vasto movimento lusófono constitui "uma valiosa rede de cidadãos" que, pela sua capacidade de empreendedorismo individual e empresarial irá contribuir para uma "mudança profunda nas mentalidades, nos procedimentos e na economia em Portugal, como já fizeram no estrangeiro".
Em relação ao evento que presidiu durante dois dias, Carlos Morais afirmou que os congressistas "reafirmaram a necessidade urgente de fortalecer as plataformas de comunicação de que tanto precisam através do jornal Mundo Português, o qual tem sido o líder desta ligação entre Portugal e o mundo, e do mundo com Portugal".
Sobre o Congresso que criou, o empresário reiterou que se distingue dos demais movimentos por não pretender ser "nem uma associação, nem uma confederação, nem alguma outra estrutura similar". "Apenas pretendemos estar exclusivamente associados ao trabalho e ao mérito dos valores individuais", defendeu. 
"Estivemos reunidos durante dois dias e foi consensual que este movimento lusófono tem uma capacidade invejável, que deve ser aproveitada em outros projetos de nível mundial, transformando o nosso país no Centro do Mundo, no cumprimento da nossa vocação atlântica, confirmando definitivamente Portugal, Um País de Excelência do qual todos nos orgulhamos", finalizou. 

José Morais - Estados Unidos

"Não investimos mais no país por causa das burocracias"
José Morais, empresário da construção civil que reside há largos anos nos Estados Unidos da América, teve oportunidade de se dirigir aos congressistas e à mesa, aproveitando para pedir que "se lembrassem (os governantes) que se esta (os empresários ali presentes) fosse a vossa «troika» Portugal estaria muito melhor".
Sobre o tema do terceiro painel «Potencial dos empresários de língua portuguesa para o futuro da indústria das obras públicas, do imobiliário, materiais da construção civil, energias renováveis como plataformas para o desenvolvimento de Portugal», o empresário da construção civil e de mobiliário, mas também produtor de vinhos, entende que "a burocracia com os transportes é um grande problema". "Não investimos mais no país por causa das burocracias", disse José Morais, criticando sobretudo os portos e os processos alfandegários.
"Estamos aqui centenas de empresários, é sinal de que nós gostamos de Portugal", afirmou também o empresário, lamentando a existência de "muitos entraves" aos negócios. Sobre a primeira edição do Congresso, José Morais defendeu ser "uma grande iniciativa", da qual acredita que "podem surgir boas ideais".

 

Filipe Gomes - Canadá

Trago ideias que quero partilhar com todos"

Felipe Gomes, empresário português no Canadá, é presidente da F.G. International Corp, empresa que atua na área de consultoria de turismo e dono do restaurante Aroma, situado em London, Ontário. Felipe Gomes acaba de investir em Portugal e vai abrir um espaço de agro-turismo na zona da Arrábida. "Estou no Canadá há 25 anos e é com muita satisfação que invisto cá em Portugal agora. Em Setembro espero abrir este espaço de turismo que terá no início mais incidência no mercado do Canadá. Quero trazer grupos para terem contacto com a cozinha portuguesa. Os produtos vão sair ali da terra já que a propriedade tem hortas, galinhas, árvores de fruto, etc. Vai ser um espaço de lazer que vai unir a serra e o mar", diz. 
Felipe Gomes aproveitou para elogiar a organização deste Congresso referindo que o acha muito importante e por isso marcou presença. "Tive conhecimento deste Congresso e achei que não podia faltar. Preparei tudo na minha empresa e disse mesmo que Portugal me estava a chamar. Trago ideias que quero partilhar com todos. E deixe-me dizer-lhe que nãio estou nada arrependido", disse o empresário português. 

 

Ana Grácio Pinto

Ana Rita Almeida

José Pedro Duarte

Mundo Português, aqui.

 

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