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"As malas de cartão foram substituídas por mochilas e pastas de executivo" -- especialista
2011-11-25

Maia, 25 nov (Lusa) -- O professor universitário Jorge Macaísta Malheiros lamentou que não haja "estudos sobre emigração", mas garantiu que aqueles que partem hoje são diferentes e "as malas de cartão foram substituídas por mochilas e pastas de executivo".

Esta apreciação do professor da Universidade de Lisboa foi feita no Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas na Diáspora, que decorre hoje e no sábado, na Maia, organizado pela Associação Mulher Migrante.

Estimando em 100 mil aqueles que saem de Portugal por ano (e prevendo que este número suba em breve para os 120 mil), o especialista referiu que "os perfis migratórios mudaram".

"Ao contrário do que diz o secretário de Estado [da Juventude e do Desporto], há muita gente a sair da sua zona de conforto e são cada vez mais novos", destaca Macaísta Malheiros, considerando estas saídas "um mau sintoma", porque quem emigra hoje é cada vez mais educado. "A emigração portuguesa ainda não é dominada por fluxos qualificados, mas em termos proporcionais Portugal é dos países que mais exporta gente qualificada", explicou.

"Nós estamos a pagar essa formação -- e custa uma fortuna ao país formar um jovem hoje -- e depois eles saem para outros países", acompanha José Machado, ex-presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), órgão consultivo para a emigração.

"A nova emigração é gente diferente, de contextos diferentes, com outros modelos de associativismo e em que a intervenção política assume uma importância que não tinha [nas anteriores levas de emigrantes]", compara José Machado.

"É preciso acabar com uma gestão minimalista da diáspora, que é o que tem acontecido nos últimos anos", reivindica o ex-dirigente, criticando o "esquecimento" e a "instrumentalização" dos emigrantes portugueses.

José Machado critica também o desaparecimento do termo "emigração", agora substituído por "comunidades portuguesas", o que interpreta como "a bazófia de país rico que queria passar a ser um país de imigrantes". Porém, contrapõe, "a realidade é que todos os anos continua a emigração de jovens".

"Já não temos só o estereótipo do trolha e da porteira. Assistimos a um fenómeno novo: a saída de Portugal de jovens quadros superiores e técnicos, com outras competências e outras expectativas", analisa Isabelle Oliveira, que dirige o Departamento de Línguas Estrangeiras Aplicadas da Universidade de Sorbonne, em Paris (França).

Ora, denuncia a professora universitária, "esta mão de obra qualificada é explorada" por empresas francesas que recorrem a falsos recibos verdes.

 

SBR.

Lusa/fim, aqui.

 

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